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ENTREVISTA-PMDB considera fechar questão em voto por impeachment de Dilma, diz Padilha

Publicado 07.04.2016, 20:47
Atualizado 07.04.2016, 20:50
© Reuters.  ENTREVISTA-PMDB considera fechar questão em voto por impeachment de Dilma, diz Padilha

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O PMDB considera a possibilidade de fechar questão no voto pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff e, se isso ocorrer, deputados que descumprirem a orientação da direção do partido serão punidos, disse o ex-ministro e segundo vice-presidente do partido, Eliseu Padilha.

Um dos homens mais próximos ao vice-presidente da República, Michel Temer, Padilha é também um dos principais operadores políticos do PMDB e confirma que o partido vai defender o impeachment.

“A discussão que existe é a favor do impeachment. Não existe outra possibilidade. O que não está definido ainda é se o partido vai fechar questão, mas a tendência é essa”, disse à Reuters o ex-ministro da Secretaria de Aviação Civil. “Se isso acontecer, a quem votar contra a orientação do partido será aplicado o código de ética.”

O que, na prática, significa até mesmo a expulsão. Dos 67 deputados peemedebistas, a maioria defende o impeachment da presidente. O líder do partido na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), no entanto, é governista e afirma ao Palácio do Planalto ter ainda, pelo menos, 25 votos contra o impeachment.

Em seus 50 anos de história, o PMDB nunca expulsou um filiado. Nas últimas semanas, no entanto, ameaça com a punição os seis ministros do partido que se recusaram a deixar os cargos depois da decisão do diretório nacional pelo desembarque, mostrando que, apesar da decisão unânime, ainda há dissidentes no PMDB.

Um dos homens que coordenaram a decisão peemedebista de abandonar o governo, Padilha nega que haja divisões. “Não tem divisão nenhuma no partido. A decisão foi por unanimidade", disse.

"Agora, interesses pessoais, que eu até reconheço como justos, mas são pessoais, não são partidários. E eu sou dirigente partidário. Tenho que cuidar do interesse do partido. A gente compreende e cada um sabe as consequências que tem”, afirmou.

Esta semana, o presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR), mandou abrir processos de expulsão contra a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o ministro da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera –os dois contra quem já foram feitas representações.

Apesar da possibilidade de perder quadros, Padilha diz que esse é um risco que os indicados sabem que corriam e sua permanência ou não no governo não é mais um problema do partido.

“Isso não é mais um problema do PMDB. É um problema das pessoas físicas. Eles não lá mais estão em nome do PMDB, estão em nome pessoal. É um problema das pessoas físicas e do governo", disse. Segundo o ex-ministro, o partido não vai se subordinar a interesses individuais.

PROJETO 2018

O interesse do partido, neste momento, afirma, é preparar-se para as eleições de 2018, quando o PMDB deve ter um candidato próprio, e para o pleito municipal deste ano. Não há condições, diz, de apresentar uma candidatura em 2018 e se manter no governo.

"O PMDB está mirando primeiro em seu projeto para 2018, em seu projeto para 2016, que sem 2016 não tem 2018. Estamos mirando na manifestação popular. O povo está dizendo que está cansado, que está havendo desemprego, que a inflação está crescendo, que as empresas estão fechando. Nós neste caso ficamos ao lado do povo”, disse.

“Será que foi pensado que seria possível ficar abraçado com o PT até a eleição e o PMDB ter seu candidato e o PT, o seu? Isso é absolutamente inviável e eticamente condenável. A sociedade não iria concordar com isso.”

Apesar de ser o principal beneficiado no caso de um impeachment de Dilma Rousseff, por herdar mais uma vez a Presidência da República, Padilha garante que o PMDB não está, como dizem seus detratores, preparando o governo e que ninguém foi autorizado a negociar alianças e cargos em nome de Michel Temer. As conversas que Temer teve com representantes de outros partidos, afirma, foram apenas sobre política.

O ex-ministro, no entanto, garante que o partido tem hoje, em tese, condições de assumir o governo em caso de impeachment e formar uma coalizão nacional.

“PMDB é o maior partido do Brasil. Em tese, o maior tem mais condições de agregar. Agora, muitas serão as variáveis. Mas sem dúvida o partido que tem mais condições de agregar partidos para construir o que venha se aproximar de uma unidade nacional hoje, a partir do que são seus quadros, da expressão, do tamanho, sem dúvida, é o PMDB. Mas as circunstâncias que vão ditar”, disse.

Famoso por conhecer o Congresso e seus parlamentares como ninguém –suas planilhas de votação foram usadas pelos governos desde Fernando Henrique Cardoso–, Padilha recusa-se, no entanto, a fazer uma avaliação de quais as chances reais de Temer vir a ser presidente.

“Essa não é uma corrida de 100 metros rasos, é uma corrida de maratona. Esta não é uma corrida para quem larga na frente, mas para quem chega na frente. Vamos ter um período do sprint, os metros da chegada. E esse sprint ainda está longo", disse.

Padilha não quis fazer previsões, porque as circunstâncias das mutações, avaliou, não são nem diárias, são horárias.

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