BRASÍLIA (Reuters) - Após o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ter defendido o cumprimento do acordo do Palácio do Planalto com senadores para mandar as alterações da reforma trabalhista por medida provisória, o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o presidente Michel Temer deverá tomar uma decisão até quarta-feira sobre o formato de envio das mudanças da matéria.
"O acordo feito com o Senado foi medida provisória. O presidente vai ponderar tudo, e de hoje para amanhã vai defender", disse Jucá.
Segundo o líder governista, é muito importante que a alteração seja feita logo porque os setores que querem contratar precisam saber qual regra vai funcionar, assim como os empregados a serem contratados.
"Portanto, é fundamental que a gente possa ter uma clareza da legislação e, a partir daí, se Deus quiser, haver uma maciça contratação e um crescimento do emprego e, portanto, a queda do desemprego, que atormenta as famílias brasileiras", destacou.
Mais cedo, Eunício afirmou que seria "extremamente deselegante" para a relação com os senadores se o governo não enviar as mudanças por medida provisória. Esse formato de alteração da reforma trabalhista, que entrou em vigor no sábado, faz parte de um compromisso fechado pelo governo com o Senado para aprovar o texto em julho a fim de encaminhá-lo diretamente à sanção do presidente Temer e evitar que a matéria retornasse à Câmara dos Deputados.
"Seria muito ruim para a relação --disse isso com todas as palavras ao presidente e digo isso a vocês-- seria muito ruim para essa relação de confiança que precisa ser estabelecida nas negociações entre os Poderes transparentemente e republicanamente", declarou Eunício em entrevista coletiva na chegada ao Senado.
Por outro lado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem criticado duramente o eventual envio das mudanças por MP. Na véspera ele afirmou considerar que o instrumento seria inconstitucional e enfraqueceria o espírito da lei e, nesta terça-feira no Rio de Janeiro, disse que Temer acaba se colocando à frente da democracia representativa com o excesso de medidas provisórias editadas pelo Executivo, embora não tenha se referido especificamente às mudanças na reforma trabalhista.
Para Jucá, tem havido a defesa de "posições divergentes".
(Por Ricardo Brito)