LA PAZ (Reuters) - O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quinta-feira que a oposição dos Estados Unidos lhe convenceu a concorrer a um quarto mandato em 2019, dois dias após a Corte Constitucional abrir caminho ao derrubar limites de mandatos no país sul-americano.
Seu governo anteriormente desconsiderou críticas de Washington, que informou estar “profundamente preocupado” com a decisão de terça-feira do tribunal. Morales então deu um passo além, dizendo que a reação dos Estados Unidos na verdade lhe convenceu a concorrer.
“Eu não estava tão determinado; agora eu estou determinado”, disse em evento público na região central boliviana de Cochabamba. “Eu serei um candidato, irmãs e irmãos, em 2019”.
A decisão da corte é final e não pode ser alvo de recurso.
Grupos opostos à reeleição de Morales planejaram um segundo dia de manifestações nesta quinta-feira. Manifestantes quebraram janelas e incendiaram móveis no escritório eleitoral na cidade de Santa Cruz por volta da meia-noite de quarta-feira, antes de a polícia dispersá-los, segundo imagens da TV.
Morales, no poder desde 2006, havia anteriormente aceitado os resultados de um referendo em 2016, quando 51 por cento dos eleitores rejeitaram sua proposta para acabar com limites de mandatos. Ele posteriormente reverteu a decisão, dizendo que embora esteja disposto a deixar o cargo, seus apoiadores estavam impulsionando para que ficasse.
O Departamento de Estado norte-americano questionou esta posição.
“Duas vezes na década passada o povo boliviano expressou sua oposição ao conceito de reeleição indefinida para autoridades eleitas; primeiro em 2009, através de uma votação esmagadoramente a favor da Constituição atual, e novamente em um referendo em 2016, quando rejeitou uma iniciativa para reverter a provisão constitucional que impõe um limite de dois mandatos sobre o presidente”, informou o departamento em comunicado.
(Reportagem de Daniel Ramos e Monica Machicao)