SÃO PAULO (Reuters) - O ex-vice-presidente da construtora Mendes Júnior Sergio Cunha Mendes foi condenado nesta terça-feira a 19 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa em ação penal ligada à operação Lava Jato.
Também foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, outros ex-executivos da companhia, operadores do esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4), além do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
De acordo com a sentença de Moro, a Mendes Júnior fez parte de um cartel de empreiteiras que fraudou licitações da Petrobras e pagou mais de 31 milhões de reais em propina para obtenção de contratos para obras da diretoria de Abastecimento da empresa, então comandada por Costa.
Costa e Youssef firmaram acordos de delação premiada com a Justiça em troca de redução de suas penas. A dupla já havia sido condenada em outros processos ligados à Lava Jato.
Moro também determinou o pagamento de indenização mínima para a Petrobras no valor de 31,47 milhões de reais, valor igual ao montante de propinas que, de acordo com o magistrado, foram pagas pela Mendes Júnior.
Sergio Cunha Mendes chegou a ser preso na Lava Jato, mas conseguiu habeas corpus junto ao Supremo Tribunal Federal. Em sua sentença, Moro determinou a alteração de algumas das medidas cautelares determinadas pelo STF, entre elas a de que Cunha Mendes não use mais a tornozeleira eletrônica.
"É que tem ela (tornozeleira eletrônica) o efeito colateral negativo de propiciar a futura detração da pena, ou seja, cada dia de recolhimento domiciliar equivale a um dia na prisão. A manutenção do recolhimento domiciliar por período recursal ainda incerto pode levar na prática a que o condenado cumpra toda a pena privativa de liberdade em recolhimento domiciliar", escreveu Moro.
Procurada, a Mendes Júnior afirmou que "a empresa não se pronuncia sobre inquéritos e processos em andamento".
(Reportagem de Eduardo Simões)