Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O excesso de candidatos à presidência da Câmara tumultua os prognósticos sobre quem comandará a Casa, mas ainda assim poucos dos postulantes devem desistir da disputa, avaliou uma importante liderança parlamentar.
Segundo esse deputado, há pouca margem de manobra para a negociação de desistências, mesmo dentro da base do governo, que não tem o que oferecer em troca da retirada de candidaturas.
"Por que retirar? Não há o que oferecer", afirmou o parlamentar, explicando que não há cargos a serem oferecidos e pouca visibilidade para relatorias, diante do trabalho reduzido na Casa por conta da Olimpíada do Rio e das eleições em outubro.
Até o início desta tarde, a Secretaria-Geral da Câmara já registrava sete candidaturas ao posto, todas de partidos que integram a base. São eles Fausto Pinato (PP-SP), Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), Carlos Manato (SD-ES), Marcelo Castro (PMDB-PI), Fábio Ramalho (PMDB-MG), Heráclito Fortes (PSB-PI), Giacobo (PR-PR). Marcelo Castro, aliás, é considerado um candidato competitivo, que conta com a simpatia da Casa.
E esse número tende a aumentar, já que muitos tidos como candidatos certos ainda não registraram suas postulações, caso de Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), que aguardava a definição das regras da disputa para oficializar a candidatura. Ambos integram a base e são encarados como fortes candidatos ao posto.
Embora Rosso negue, a candidatura dele é constantemente associada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), enquanto Maia vem sofrendo críticas por negociar com o PT, seu tradicional e histórico adversário.
Outros candidatos, de partidos que fazem oposição ao governo interino de Michel Temer, ainda podem surgir, uma forma de marcar posição e dar notoriedade à sigla, já que há tempo de fala reservado a cada candidato.
O número elevado de postulantes pode levar a uma situação de pulverização de apoios em que um candidato garanta uma vaga no segundo turno com relativamente poucos votos.
As numerosas candidaturas podem inclusive, a depender das regras de votação, do tempo de discurso destinado a cada parlamentar, e do horário da sessão para a eleição, prolongar o processo a tal ponto que a decisão seja postergada para agosto, quando o Congresso retorna do recesso branco.
Ainda que o Congresso não vote a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)-- exigência Constitucional para a interrupção dos trabalhos no Legislativo--, a Câmara deve fazer uma pausa a partir do dia 14 de julho, o chamado recesso branco.
A expectativa é que a eleição ocorra antes disso, na quarta-feira, no fim da tarde. Interessados em disputar o comando da Câmara poderão, em tese, registrar suas candidaturas até o meio-dia do dia da votação.
Mas esses e outros detalhes ainda precisam ser formalmente definidos em reunião da Mesa Diretora da Câmara, na tarde desta segunda-feira, e depois chancelados pelo colégio de líderes, que deve se reunir em seguida.