Por Alexis Akwagyiram e Paul Carsten
ABUJA (Reuters) - O ex-vice-presidente nigeriano Atiku Abubakar irá privatizar partes da petroleira estatal do país e permitir que a moeda naira flutue para atrair investimentos estrangeiros se for eleito como chefe de Estado, disse ele à Reuters.
Abubakar também confirmou que pretende concorrer na eleição presidencial do ano que vem, tornando-se assim o maior pesado-pesado da oposição a dizer que irá disputar contra Muhammadu Buhari.
O vencedor da eleição de fevereiro irá comandar o maior produtor de petróleo e país mais populoso da África, que é central para a estabilidade regional, em um momento em que os nigerianos lutam contra militantes islâmicos no nordeste do país.
Abubakar, um ex-aliado importante do presidente Buhari cujos recursos ajudaram a colocá-lo no poder, deixou o partido governista em novembro e reingressou no Partido Democrático Popular (PDP), de oposição, um mês depois.
Ele tem há tempos usufruído de apoio da elite empresarial em Lagos por seus ideais conservadores-capitalistas e, como vice-presidente em um governo do PDP de 1999 a 2007, implementou um programa de liberalização em áreas incluindo o setor de telecomunicações.
PRÓXIMOS PASSOS
Abubakar disse que irá ainda mais longe se for eleito presidente.
"Eu também vou expandir isto para incluir o setor de petróleo e gás, que não foi tocado de maneira nenhuma, e outros setores importantes da economia, como mineração, minerais sólidos", disse.
Abubakar disse que irá privatizar partes da Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC), que tem sido afetada por décadas de má administração e é crucial para a economia do país membro da Opep. Ele não especificou quais partes seriam privatizadas.
"Eu acredito fortemente em um governo muito, muito pequeno e também no setor privado", disse.
Uma queda nos preços de petróleo a partir do final de 2014 levou a Nigéria a sua primeira recessão em 25 anos em 2016, provocando escassez crônica de dólares porque receitas de petróleo compõem dois terços da receita do governo e são a maior fonte de moeda estrangeira do país.
A economia saiu de recessão no ano passado, mas o crescimento continua fraco e múltiplas taxas de câmbio continuam em vigor, impostas pelo banco central para apoiar a insistência de Buhari de que a naira não deveria ter permissão para flutuar.
"Eu irei permitir que a naira flutue porque eu acredito que esta é uma das maneiras pelas quais o investimento estrangeiro direto pode ser encorajado a entrar", disse Abubakar, que espera replicar o feito de Buhari em 2015 de vencer uma eleição presidencial na quarta tentativa.