Por Daniela Desantis e Mariel Cristaldo
ASSUNÇÃO (Reuters) - O filho de um personagem central da ditadura que controlou o Paraguai de 1954 a 1989 deve conquistar a Presidência com facilidade na eleição de domingo, mas seu partido deve perder cadeiras no Congresso, complicando sua agenda legislativa pró-mercado.
Mario Abdo, do governista e conservador Partido Colorado, promete lutar contra a pressão pelo aumento de impostos no setor crucial do agronegócio, apesar dos clamores da oposição por uma taxa nas exportações de soja. Pesquisas recentes mostram Abdo com uma vantagem de cerca de 25 pontos percentuais sobre o rival Efrain Alegre, advogado da coalizão de centro Ganar.
"Os dois candidatos respeitam a trajetória do Paraguai em termos de estabilidade macroeconômica, e acho que isso é positivo", disse Manuel Ferreira, ex-ministro das Finanças, à Reuters.
Abdo, ex-senador de 46 anos, apoia a estrutura atual de impostos baixos e isenções, que objetiva estimular o investimento estrangeiro e a produção agrícola no Paraguai, quarto maior exportador de soja do mundo e grande fornecedor de carne bovina.
Educado nos Estados Unidos, ele é filho do secretário particular do ditador Alfredo Stroessner, que comandou o país com mão de ferro durante 35 anos – mas o comprometimento de Abdo com a democracia não está sendo questionado.
A economia paraguaia cresceu nos últimos anos, os programas sociais são modestos e o índice de pobreza da população de 6,8 milhões de habitantes é de 26,4 por cento.
"Vejo duas plataformas conservadoras e democráticas que não colocam as instituições em risco", disse o analista político Alfredo Boccia. "Mas não vejo uma mudança na velha e cansada política paraguaia que faria as coisas diferentes".
O próximo presidente governará por quatro anos sem possibilidade de reeleição.
Alegre vem se concentrando em sua promessa de reduzir as contas de eletricidade e aproveitar melhor as usinas hidrelétricas de grande porte de Itaipu e Yacyreta.
Sondagens indicam que depois da eleição geral de domingo o Partido Colorado terá menos assentos na legislatura do que hoje, enquanto a coalizão de esquerda Frente Guasu, liderada pelo ex-presidente Fernando Lugo, fará progressos.
Se eleito, Abdo pode ter que fazer concessões para formar alianças que lhe deem espaço de manobra no Congresso.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765)) REUTERS TR