Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O clima entre os governistas na Câmara dos Deputados era o pior possível na sessão de votação sobre o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, neste domingo. Apesar de o Palácio do Planalto ainda tentar passar otimismo, apostando nas ausências, parlamentares afirmavam que a situação era “muito difícil”.
“A coisa está muito difícil para nós. De sexta-feira para cá a situação ficou muito pior para o governo”, admitiu um parlamentar governista. De acordo com outro parlamentar ouvido pela Reuters, o governo teria hoje entre 160 e 165 votos, mas ainda aposta nas ausências para que a oposição não alcance os 342 votos necessários para abrir o processo de impeachment.
Depois de perder votos no final da semana, o PMDB aumentou à articulação e o vice-presidente Michel Temer voltou à Brasília para tentar estancar o princípio de sangria.
Uma das fontes parlamentares admite que esse trabalho, capitaneado pelo segundo vice-presidente do partido, Eliseu Padilha, e pelo ex-deputado Geddel Vieira Lima, funcionou. “Esse pessoal negocia pesado”, disse a fonte.
Poucos minutos antes da sessão começar efetivamente, Padilha estava no plenário falando com os líderes de bancada para que chamassem parlamentares ao plenário. Naquela hora, menos de 300 parlamentares já haviam dado presença e Padilha cobrava que ainda faltavam 30 ou 40 favoráveis ao impeachment no plenário.
A conta dos peemedebistas era de algo entre 360 e 370 votos ao impeachment, depois da ofensiva de sábado.
“Os 360 são o nosso centro da meta. Pode ser um pouco mais ou um pouco menos”, disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
No Palácio da Alvorada, Dilma acompanha a sessão do Congresso junto com os ministros da chefia de Gabinete, Jaques Wagner, da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Todos passaram a manhã ainda telefonando para deputados tentando convencê-los, ao menos, a se abster ou não comparecer para votar.
Questionado se a situação estava realmente difícil como previam os parlamentares, um ministro palaciano disse à Reuters que não é essa a avaliação do Planalto. “Estamos na briga com votos, abstenções e ausências”, garantiu.
(Reportagem adicional de Leonardo Goy e Maria Carolina Marcello)