Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - A coalizão governista lidera as intenções de voto para as eleições legislativas de outubro no principal distrito da Argentina, nas quais a ex-presidenta Cristina Kirchner pretende retornar ao centro da cena política, segundo duas fontes partidárias e dois analistas.
Apesar de Cristina, que concorre ao cargo de senadora, ter obtido uma vantagem pequena nas primárias de agosto na província de Buenos Aires, onde se encontram quase 40 por cento dos eleitores do país, a coalizão governista Cambiemos parece ter revertido a tendência, de acordo com as fontes consultadas pela Reuters.
As eleições de meio de mandato são acompanhadas com muita atenção pelos investidores, que consideram que uma vitória de Cristina --que governou o país até 2015 com regulamentações rígidas dos mercados-- poderia levantá-la como candidata presidencial para 2019 e limitar a abertura da economia impulsionada por seu sucessor liberal, Mauricio Macri.
"Temos indícios de que estamos crescendo nas pesquisas", disse uma fonte do governo que participa ativamente da campanha eleitoral e que pediu para não revelar sua identidade.
Nas primárias, a lista encabeçada pela ex-presidente, uma opositora fervorosa das reformas liberais do governo, obteve 33,95 por cento dos votos, mais do que os 33,74 por cento de Esteban Bullrich, o candidato a senador do Cambiemos.
"Cristina tem uma base de votos importante, mas está fixada aí, tem um teto" de eleitores, explicou o analista Ricardo Rouvier, que não tinha sondagens disponíveis, mas estimou que o governo tem uma vantagem de cerca de 3 pontos percentuais em relação a Cristina na província de Buenos Aires.
Outra consultoria, que preferiu não ser identificada porque só entrega suas pesquisas a clientes, adiantou à Reuters que Bullrich atualmente está 4 pontos percentuais à frente de Cristina para a votação de 22 de outubro.
A tendência foi reconhecida pelo Unidad Ciudadana, o partido lançado este ano por Cristina depois de deixar o peronismo.
"O que temos é uma vantagem de meio ponto (sobre o governo), não de 3 pontos. Temos de novo uma eleição empatada", disse um porta-voz da equipe de campanha da viúva do ex-presidente Néstor Kirchner.
Os analistas acreditam que o equilíbrio de forças se manterá após as eleições para o Congresso, onde o governo continuará sendo obrigado a negociar seus projetos de lei com a oposição por não ter maioria.
A polarização do eleitorado entre o governo e Cristina está prejudicando outros partidos que têm buscado em vão se colocar entre os dois, como o peronismo ou a sigla do peronista dissidente Sergio Massa.