CARACAS (Reuters) - O governo socialista do presidente Nicolás Maduro convidou os detentores de títulos venezuelanos para uma reunião em 13 de novembro em Caracas, no âmbito de decisão surpresa de reestruturar a dívida externa do país, que encontra-se em difícil situação de caixa.
O vice-presidente do país, Tareck El Aissami, cujo nome consta em uma lista negra dos Estados Unidos por suposto tráfico de drogas, disse que o país permanecia empenhado em pagar toda sua dívida, mas queria reformular os termos com os credores.
"Um processo soberano de renegociação da dívida está começando", disse El Aissami, que lidera o comitê da dívida da Venezuela apesar de não ter experiência prévia sobre o assunto.
El Aissami forneceu um endereço de e-mail para os detentores de títulos e acrescentou que o ministro da Economia, Simon Zerpa, estará igualmente no comitê. Zerpa também está sob sanções norte-americanas por corrupção.
Os preços dos títulos venezuelanos foram fortemente afetados nesta sexta-feira após o anúncio surpresa de Maduro na véspera.
O bônus com vencimento em 2018 de 753 milhões de dólares mergulhou 31 pontos, enquanto o bônus de 2026 de 3 bilhões de dólares e o bônus de 2031 de 4,2 bilhões de dólares caíram cerca de 10 pontos, com yields subindo para níveis recordes.
O bônus de 2021 da estatal de petróleo PDVSA caiu 20 pontos, enquanto o bônus de 2022 recuou quase 18 pontos, segundo dados da Reuters.
Maduro, o sucessor de 54 anos de Hugo Chávez, disse na noite de quinta-feira que a PDVSA faria nesta semana o pagamento de 1,1 bilhão de dólares de um bônus em vencimento, enfrentando um assunto que vinha provocando ansiedade entre os investidores.
Mas ele então anunciou uma nova comissão para estudar o refinanciamento e reestruturação de todos os pagamentos futuros de dívida externa, que incluem cerca de 50 bilhões de dólares em títulos.
O refinanciamento geralmente envolve uma operação voluntária em que os investidores concordam em trocar um conjunto de títulos por outro, enquanto uma reestruturação implica uma negociação forçada.
A Venezuela tem pouca margem de manobra para tomar qualquer um desses caminhos por causa das sanções impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e por conta do ceticismo acerca da seriedade de Maduro para reviver uma economia moribunda.
(Por Andrew Cawthorne e Brian Ellsworth)