BRASÍLIA (Reuters) - O governo disse nesta terça-feira que não há mais rodovias bloqueadas em decorrência da greve dos caminhoneiros, mas admitiu que ainda existem pontos de concentração, especialmente em perímetros urbanos, e que há muito a fazer para se falar em normalidade do abastecimento.
"Há em alguns casos de concentrações e piquetes que não envolvem caminheiros", disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que admitiu, no entanto, que ainda há também caminhoneiros parados, mas não bloqueios de estradas."Não podemos obrigar ninguém a trabalhar, mas podemos separar quem está fazendo agitação política e afastá-los."
De acordo com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, na segunda-feira aconteceram as primeiras prisões causadas por pessoas infiltradas, no Maranhão. Segundo o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, nenhum dos sete presos por obstruírem as vias era caminhoneiro.
"Hoje lidamos muito mais com manifestações não caminhoneiras que têm buscado obstruir as vias. São manifestações oportunistas que aparentemente têm coordenação entre si e serão tratados como obstrução ao abastecimento", afirmou Etchegoyen.
A paralisação dos caminhoneiros entrou hoje em seu 9º dia ainda com pontos de piquete e paralisações, normalmente concentrados em perímetro urbano. Segundo os ministros, a situação de abastecimento já é bem melhor e já foi possível transportar o dobro da carga que na véspera.
"Abastecimento ainda não é regular, mas com 9 dias de paralisação teríamos problemas muito mais sérios se não tivéssemos avançado", afirmou Padilha. "Temos muito que andar para falar em normalidade, estamos retomando progressivamente.
Não é ainda certamente o que necessitamos. Para chegar em normalização os caminhões ainda parados precisam voltar a estrada."
Segundo Etchegoyen, as forças de segurança já conseguiram assegurar o que chama de oito corredores de abastecimento, em que o transporte de cargas está sendo feito sem a necessidade de comboios. Ainda assim, a Polícia Rodoviária Federal já fez a escola de 1.129 carretas para garantir o transporte.
Sobre risco de contágio decorrente do movimento dos caminhoneiros, Etchegoyen disse que a avaliação do governo é de que isso não é algo que possa ocorrer imediatamente.
Questionado sobre pedidos de intervenção militar, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional disse que é preciso fazer uma reflexão para se entender como se chegou a uma situação em que parte da sociedade acredita que essa seria uma solução razoável. Para ele, intervenção militar é um assunto do século passado.
Depois da terminada a entrevista coletiva, Marun disse que a Polícia Federal já intimou 48 pessoas para depor na investigação de locaute no movimento dos caminhoneiros.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)