SÃO PAULO (Reuters) - A Eletrobras (SA:ELET3) informou que o governo federal negou um pedido da companhia para que fosse aumentado o salário de seu presidente e outros diretores, segundo comunicado da empresa ao mercado nesta segunda-feira.
Apesar da negativa, o movimento da elétrica recebeu críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que utilizou sua conta no Twitter para afirmar que o aumento salarial seria "inaceitável".
O comentário de Maia vem após reportagem do jornal O Estado de S.Paulo sobre a tentativa de reajuste e em um momento em que o governo federal enfrenta dificuldades para avançar na Câmara com um projeto de lei que estabelece a modelagem para a privatização da estatal, que o presidente Michel Temer quer concluir ainda em 2018.
Também tramita no Congresso no momento uma medida provisória (MP 814) sobre a desestatização da companhia e de suas subsidiárias de distribuição de energia.
Segundo documento obtido pela Reuters, o CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira, havia pedido que seu salário fosse reajustado em cerca de 46 por cento, para 76,6 mil reais, contra 52,3 mil anteriormente.
Pela proposta, os salários de outros diretores da companhia também subiriam, para que passassem a representar de 65 por cento e 88 por cento dos vencimentos do CEO da holding.
"Há uma mudança profunda em curso no Brasil. E é inaceitável um presidente de estatal deficitária como a Eletrobrás aumentar o próprio salário para 77 mil reais", afirmou Maia no Twitter, após o comunicado da Eletrobras sobre o assunto.
No documento, a estatal disse que o último reajuste dos honorários de seus executivos havia sido em abril de 2015, "fazendo com que os atuais valores praticados estejam bastante defasados". A empresa defendeu ainda que os valores "são inferiores à média dos níveis praticados por empresas estatais, além de inferiores às práticas de companhias abertas de porte similar".
Apesar dos argumentos, a companhia disse em esclarecimento nesta segunda-feira que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional se posicionou pela manutenção dos salários.
A Eletrobras fechou 2017 com prejuízo líquido de quase 1,7 bilhão de reais, contra lucro de 2,4 bilhões no ano anterior.
Antes do resultado positivo em 2016, a companhia havia acumulado mais de 30 bilhões de reais em perdas desde 2012, após um pacote de medidas do governo federal para reduzir as tarifas que reduziu fortemente as receitas da estatal.
Procurada, a Eletrobras não comentou de imediato a fala de Maia.
(Por Luciano Costa)