Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O governo registrava números abaixo de suas projeções na votação na Câmara dos Deputados neste domingo sobre o impedimento contra a presidente Dilma Rousseff, dificultando as chances de sucesso no esforço de evitar que o pedido de abertura de processo de impeachment chegue ao Senado.
Ao menos uma dezena de deputados que o governo contabilizava ao seu lado ou estariam indecisos, inclusive de legendas como o PDT, partido que fechou questão contra o impeachment, acabaram por votar a favor do impedimeno de Dilma. Isso apenas depois de pouco mais de 100 deputados terem votado.
Depois de 220 votos, eram 173 favoráveis ao impedimento e apenas 44 contrários ou abstenções. Para que o impeachment seja aprovado na Câmara, são necessários ao menos 342 votos, ou dois terços do total de 513 deputados.
Cada voto sim ao impedimento de Dilma considerado inicialmente como governista era comemorado como um gol no plenário pela oposição. Um deles foi o do deputado Fernando Giacobo (PR-PR), que nas negociações essa semana com o governo fez uma indicação para a estatal Itaipu, mas ainda assim votou pelo impeachment.
Até agora, três deputados pedetistas --Giovani Cherini (RS), Hissa Abraão (AM) e Flávia Moraes (GO)-- votaram contra o governo, mesmo sob risco de expulsão do partido. Pompeu de Mattos (RS), não quis votar sim, mas se absteve, voto que conta a favor do governo.
Outros votos comemorados pela oposição foram os do Nelson Meurer (PP-PR), considerado muito próximo ao governo, e do ex-ministro dos Transportes dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma, Alfredo Nascimento (PR). Ao declarar seu voto em favor do impeachment, Nascmento renunciou à presidência do PR.
As deputadas Magda Moffato (PR-GO) e Jéssica Sales (PMDB-AC) entravam na conta do governo como indecisas. As duas se decidiram pelo voto sim ao impeachment, em um exemplo do efeito manada que o Palácio do Planalto temia na votação.
Por outro lado, o governo teve alguns poucos ganhos. Entre eles, Aliel Machado (Rede-PR) que votou não ao impeachment apesar da orientação diferente do partido. O ministro peemedebista da Secretaria de Portos, Hélder Barbalho, também conseguiu garantir ao governo o voto da mãe, Helcione Barbalho (PA) e de Simone Morgado (PA).
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Leonardo Goy)