BRASÍLIA (Reuters) - O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que assumirá a articulação política do governo na quinta-feira, disse que ainda busca de 40 a 50 votos para garantir a votação da reforma da Previdência pela Câmara na próxima semana.
Indicado para a Secretaria de Governo, Marun disse ainda contar com um quórum “robusto” de aproximadamente 480 parlamentares para um início seguro da votação da proposta, que já deve começar a ser discutida na quinta-feira desta semana.
“Eu calculo aí em torno de 40 a 50 votos que nós devemos ainda buscar para chegar ao plenário com segurança”, disse Marun a jornalistas nesta manhã. “Temos um crescimento constante (de votos), mas ainda não se criou aquela onda.”
Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a reforma precisa do voto favorável de ao menos 308 dos 513 deputados, em dois turnos de votação. Daí a necessidade do governo de garantir não só um quórum elevado em plenário, mas uma margem de segurança de votos favoráveis acima do mínimo exigido.
Marun descartou a possibilidade de a votação da reforma ser acelerada para que ocorra ainda nesta semana. A reforma deve ter sua discussão iniciada na quinta-feira, para ser votada na próxima semana.
“Eu não vejo essa possibilidade (de votar nesta semana), até porque nós entendemos que não é producente”, afirmou. “O cronograma estabelecido pelo presidente (Rodrigo Maia), eu penso que ele é positivo.”
Marun admitiu que no caso de não conseguir angariar parlamentares suficientes na próxima semana o governo sofrerá uma derrota, mas em uma “batalha”, não na “guerra”.
O deputado defendeu que o fracasso em votar a proposta pode levar a economia a uma situação pior do que estava antes da retomada do crescimento. “A recaída é pior do que a doença”, disse.
“Vamos tentar votar agora, vamos conseguir.... mas, digamos que venha essa derrota. Se vier, (a reforma) fica na pauta. Vamos chegar aqui em fevereiro e esse vai ser o assunto. Vamos disputar a eleição e esse vai ser o assunto.”
Em uma demonstração de quem tem o discurso afinado com o do governo, Marun disse que a proposta não sairá da pauta enquanto não for votada.
“Isso não sai mais da pauta. Nós na quinta-feira colocamos em discussão a reforma da Previdência e ela não sai mais da pauta”, afirmou.
A reforma da Previdência tem sido o grande foco do governo neste fim de ano, após o esforço para derrubar no plenário da Câmara dos Deputados duas denúncias contra o presidente Michel Temer, uma delas envolvendo dois de seus ministros.
Governistas vêm trabalhando para obter os votos necessários, mas ainda enfrentam resistência, mesmo entre aliados. Alguns deles relatam que a questão já não se refere mais ao texto da reforma --em versão bastante flexibilizada e bem mais enxuta para facilitar sua aprovação--, mas ao momento.
Parlamentares temem que um posicionamento favorável à PEC possa repercutir nas eleições de outubro de 2018. Também apontavam insatisfação com a articulação do governo, agora prestes a ser assumida por Marun, com apoio da base.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello; Edição de Alexandre Caverni)