SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) afirmou nesta quinta-feira que os protestos contra a alta do diesel e a carga tributária no combustível continuarão até que a isenção da alíquota PIS/Cofins sobre o produto, aprovada na véspera pela Câmara dos Deputados, seja publicada no Diário Oficial da União.
A Abcam disse à Reuters, por meio de sua assessoria de imprensa, que a paralisação só será encerrada quando a medida, que ainda precisa ser analisada pelo Senado, for sancionada pelo presidente Michel Temer e publicada no DO.
A paralisação dos caminhoneiros entrou no quarto dia nesta quinta-feira, com bloqueios em estradas de todo país que provocaram desabastecimento de produtos e enormes filas de motoristas em postos de combustíveis, apesar de a Petrobras (SA:PETR4) ter anunciado na véspera uma redução de 10 por cento dos preços do diesel nas refinarias por 15 dias.
Diversos setores da economia já relatam desabastecimento e prejuízos na exportação.
Na noite de quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei da reoneração da folha de pagamento de alguns setores da economia, incluindo uma isenção de PIS/Cofins sobre o diesel, algo demandado pelos caminhoneiros.
Representantes do movimento, que participaram de reunião no Palácio do Planalto na tarde de quarta-feira, saíram reclamando da falta de soluções do governo para o impasse e rejeitaram um pedido de trégua do presidente Temer.
Segundo o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes, a medida tomada pela Petrobras "não resolve".
"Vai levar uma semana ou mais até normalizar as entregas... Por isso que essa atitude da Petrobras não ajudar a gente em nada. Quando começarmos a atividade a todo vapor, já se passaram esses 15 dias", disse Lopes em entrevista à rádio Bandnews.
A Petrobras adotou a partir de julho do ano passado uma política de reajustes quase que diários nos preços dos combustíveis nas refinarias, em linha com o mercado internacional e câmbio. De lá para cá, o valor do diesel já avançou mais de 30 por cento, enquanto o da gasolina, mais de 45 por cento.
"Não queremos que aumente o combustível diariamente. O governo tem de encontrar uma forma de fazer mensalmente ou trimestralmente", acrescentou Lopes.
(Por Alberto Alerigi Jr. e Marcelo Teixeira)