OUAGADOUGOU (Reuters) - Soldados dispararam tiros para o alto para dispersar centenas de manifestantes em frente ao palácio presidencial de Burkina Faso nesta quarta-feira, depois que a guarda presidencial invadiu uma reunião ministerial e prendeu o presidente interino, levantando temores de um golpe militar.
A guarda presidencial não deu explicações sobre a ação, que ocorre menos de um mês antes de uma eleição que deve marcar o fim da transição para a democracia, após uma revolta popular derrubar o antigo governante de Burkina Faso no ano passado.
A guarda, conhecida como RSP, era um dos principais pilares do governo do ex-presidente Blaise Compaore antes de ele ser deposto por manifestantes em outubro, após tentar mudar a Constituição para prolongar ainda mais seus 27 anos no poder.
Compaore, que assumiu o poder em 1987 com um golpe militar no país pobre e sem litoral da África Ocidental, foi um importante aliado da França e dos Estados Unidos no combate a islamitas na região desértica do Sahel.
Moumina Cheriff Sy, presidente do parlamento de transição, disse que a mais recente demonstração de força pela guarda presidencial representa um perigo para a próprio país.
"Membros da RSP invadiram a sala do gabinete ministerial em torno das 14h30 e fizeram o presidente de Burkina Faso, Michel Kafando, o primeiro-ministro, Yacouba Izaac Zida, o ministro de Gestão Pública... e o ministro da Habitação", disse ele em um comunicado.
A aparente tomada de poder ocorreu apenas dois dias após uma comissão do governo recomendar o desmantelamento da bem equipada força de 1.200 homens, e classificá-la de um "exército dentro do Exército".
(Por Nadoun Coulibaly e Joe Penney)