(Reuters) - A CPI mista da JBS aprovou nesta quinta-feira a convocação dos irmãos Joesley e Wesley Batista e do ex-procurador da República Marcello Miller, e também aprovou requerimento de convite para que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot deponha à comissão.
A CPI, que investiga as operações da J&F com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os acordos de delação premiada com os executivos da holding que controla a JBS (SA:JBSS3), também aprovou a convocação do ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho, de acordo com a Agência Câmara Notícias.
A comissão, que tem como relator o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos mais próximos aliados do presidente Michel Temer, convocou ainda outros executivos da J&F que também firmaram acordos de delação premiada, como Ricardo Saud e Francisco de Assis.
Janot, que deixou o cargo no último domingo, pediu na semana passada, quando ainda estava à frente da Procuradoria-Geral da República, a rescisão das delações de Joesley e Saud. Os dois foram presos acusados de omitir crimes em seus acordos de colaboração. Janot também chegou a pedir a prisão de Miller, acusado de ajudar os executivos da J&F no acordo de delação quando ainda estava no Ministério Público Federal.
As acusações feitas pelos executivos da J&F serviram de base para duas denúncias feitas por Janot contra Temer.
A primeira delas, por corrupção passiva, foi suspensa depois de a Câmara dos Deputados negar no mês passado autorização para que o Supremo Tribunal Federal a analisasse.
A segunda, por obstrução de Justiça e organização criminosa, deve ser enviada à Câmara após o Supremo concluir o julgamento de um pedido da defesa de Temer para suspender a acusação até a conclusão da investigação sobre a delação da J&F.
O julgamento deve ser concluído nesta quinta. Na quarta, sete dos 11 ministros da corte já votaram pelo envio imediato da denúncia para a Câmara.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)