Por Gavin Jones
ROMA (Reuters) - A Itália não será mais o "campo de refugiados da Europa", disse o recém-empossado novo ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, nesta segunda-feira, prometendo ações duras para reduzir a chegada de imigrantes e enviar de volta os que já chegaram.
Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga e vice-primeiro-ministro da coalizão eurocética que assumiu o poder na semana passada, fez da contenção da imigração o carro-chefe de seu partido, cuja popularidade está crescendo rápido nas pesquisas de opinião.
No domingo, dois dias depois de o governo ser empossado, Salvini seguiu para a Sicília, o principal porto de entrada dos mais de 600 mil imigrantes que chegaram às praias da Itália vindos do norte da África desde 2014.
"A festa acabou" para os imigrantes na Itália, disse antes de visitar um centro de recepção no porto de Pozzallo, onde os recém-chegados de barco são registrados e identificados com fotos e impressões digitais.
A Liga disse que a maioria dos imigrantes não têm direito ao status de refugiados, que seu país não pode se dar o luxo de ajudá-los e que aceitando salários baixos eles pioram as condições de trabalho dos italianos.
Salvini manteve a pressão nesta segunda-feira, dizendo em uma entrevista a uma rádio que a Itália "não pode ser transformada em um campo de refugiados" e prometendo pressionar para que os parceiros de Roma obtenham mais assistência da União Europeia para lidarem com o problema.
"É claro e óbvio que a Itália foi abandonada, agora temos que ver os fatos", disse Salvini quando indagado sobre os comentários da chanceler alemã, Angela Merkel, segundo a qual a Europa precisa de uma nova abordagem para a imigração.
Salvini, que quer abrir um novo centro de detenção e deportação de imigrantes em cada região italiana, tuitou mais tarde: "ou a Europa nos dá uma mão para tornar nosso país seguro, ou escolheremos outros métodos".
A Itália se tornou a principal rota dos imigrantes econômicos e dos postulantes de asilo para a Europa. Centenas de milhares deles fazem a perigosa travessia que parte do norte africano todos os anos, e milhares morrem no mar. A outra rota principal, da Turquia à Grécia, foi fechada em grande parte depois da chegada de mais de um milhão de pessoas em 2015.
Depois que ao menos 48 imigrantes morreram no final de semana quando seu barco afundou na costa tunisiana, Salvini disse não haver razão para as pessoas estarem fugindo da Tunísia, que é "um país livre e democrático".