RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani, um dos caciques do PMDB fluminense, foi alvo nesta terça-feira de um mandado de condução coercitiva em um desdobramento da operação Lava Jato que investiga um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo pagamentos ilegais de empresas de ônibus.
O desembargador federal Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, ordenou a condução coercitiva de Picciani e de mais dois deputados estaduais, além de 10 prisões, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal, informou o MPF em comunicado.
Procuradores do MPF afirmaram que há "demonstração cabal de ilícitos gravíssimos e até mesmo alguns em estado de flagrância", e apontaram que Picciani e outros deputados do PMDB do Rio de Janeiro formam uma organização integrada ainda pelo ex-governador Sérgio Cabral, que já está preso, e que vem se estruturando de forma ininterrupta desde a década de 1990 para realizar "práticas financeiras clandestinas e sofisticadas para ocultar o produto da corrupção".
Picciani foi levado por policiais federais para prestar depoimento logo após desembarcar no aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio, ao retornar de uma viagem. Mais cedo, agentes da PF tinham ido até a casa do deputado na zona oeste do Rio, mas não o encontraram no local.
Essa é a segunda vez neste ano que Picciani é alvo de uma condução coercitiva no âmbito da Lava Jato, após ter sido levado em março para prestar esclarecimentos em uma outra operação, que investigava irregularidades no Tribunal de Contas do Estado.
Além do mandado contra o presidente da Alerj, um dos filhos de Picciani, Felipe Picciani, que gerencia uma empresa da família, foi alvo de um mandado de prisão. Jorge Picciani também é pai do atual ministro do Esporte do governo do presidente Michel Temer, Leonardo Picciani.
Outros investigados pela operação da PF no Rio são os deputados Paulo Mello, ex-presidente da Alerj, e Edson Albertassi, ambos do PMDB, além de empresários do setor de transporte coletivo no Estado.
Em nota, Picciani afirmou que a prisão do filho foi uma "covardia" com o intuito de atingi-lo, e negou ter cometido qualquer ilegalidade. "Em toda a minha carreira jamais recebi qualquer vantagem em troca de favores", afirmou.
O deputado Paulo Mello afirmou, também por meio de nota, que está à disposição da Justiça e irá contribuir com as investigações. "Não tenho nada a esconder. Minha vida política sempre foi muito clara, todas as contribuições recebidas foram legais e declaradas na Justiça Eleitoral".
Não foi possível fazer contato com representantes de Albertassi.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)