LIMA (Reuters) - A Justiça peruana ordenou nesta segunda-feira o impedimento por oito meses de saída da ex-prefeita de Lima e figura de esquerda Susana Villarán do país, enquanto é investigada por lavagem de dinheiro e suposto suborno com as brasileiras Odebrecht e OAS.
Villarán é investigada pela promotoria por ter supostamente recebido 3 milhões de dólares da Odebrecht e 1 milhão de dólares da OAS para financiar uma campanha em 2013 para impedir sua revogação em um referendo, em épocas em que as construtoras brasileiras mantinham contratos para obras públicas com o município da capital peruana.
O juíz Manuel Chuyo disse em audiência que a restrição de movimento para Villarán, que foi prefeita de Lima entre 2011 e 2014, irá garantir sua presença em um julgamento que colocaria, pela primeira vez, uma figura de esquerda no banco dos réus por um caso de corrupção com empresas brasileiras.
A ex-prefeita negou as acusações.
"Não sou responsável pelos fatos que me são imputados", afirmou Villarán aos repórteres no final do evento judicial. "Estou absolutamente disponível para colaborar com a Justiça e deixar claro que as acusações são absolutamente falsas", disse ela.
A promotoria iniciou na semana passada uma investigação preliminar contra Villarán e um ex-gerente do município de Lima para determinar se eles são "autores dos crimes de próprio contencioso passivo e lavagem de dinheiro".
A investigação veio depois do testemunho do ex-chefe da Odebrecht no Peru, Jorge Barata, e depois foi confirmada por um colaborador protegido pela Justiça local, que deram conta da entrega de dinheiro de empresas brasileiras depois que Villarán lhes pediu contribuições para sua campanha.
O escândalo da Odebrecht no Peru alcançou os últimos quatro presidentes do Peru, após a empresa admitir o pagamento de propinas para obter obras públicas.
(Reportagem de Marco Aquino)