Moscou, 29 jan (EFE).- O Kremlin afirmou nesta segunda-feira que as ações de protesto como as organizadas ontem pelo dirigente opositor Alexei Navalny em várias cidades da Rússia não representam nenhuma ameaça para a liderança "absoluta" do presidente russo, Vladimir Putin.
"Não", respondeu categoricamente o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, ao ser perguntado pela imprensa sobre se as manifestações convocadas por Navalny são uma ameaça política para Putin, que tentará a reeleição nas eleições de 18 de março.
O porta-voz explicou que "demora a acreditar que alguém possa colocar em dúvida que Putin é o líder absoluto para a opinião pública, o líder do Olimpo político".
O presidente russo, recalcou, "demonstrou sua indiscutível liderança em numerosas ocasiões e continua demonstrando".
Ao se referir aos encontros de opositores, Peskov insistiu na importância de que "seja respeitada a legalidade e seja garantida a segurança e a ordem pública".
Sobre a jornada de ontem, o porta-voz indicou que algumas das manifestações foram realizadas conforme à lei, pois contavam com autorização, enquanto outras, não.
Cerca de 350 pessoas foram detidas em várias cidades da Rússia por participar das manifestações convocadas por Navalny a favor do boicote às eleições presidenciais, segundo dados do "OVD-info".
O próprio Navalny foi detido no centro de Moscou quando se preparava para participar de uma manifestação não-autorizada, mas horas mais tarde foi libertado.
"Demonstramos que nem toda Rússia está disposta a renunciar às eleições (de verdade). Somos muitos e faremos com que levem em conta", escreveu o líder opositor no Twitter.
Navalny convocou as manifestações depois que todas as instâncias judiciais da Rússia confirmaram a proibição de concorrer como candidato às eleições presidenciais de março, com o argumento de que possui antecedentes penais.
O dirigente opositor, famoso por suas denúncias de corrupção na administração pública, denunciou que o caso penal pelo qual foi condenado foi orquestrado pelas autoridades precisamente para impedir sua participação nas eleições.
Os dois dias de protestos não-autorizados convocados por Navalny em março e junho do ano passado terminaram com centenas de manifestantes detidos, a maioria em Moscou e São Petersburgo.