Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Os leilões do governo brasileiro para apoiar o escoamento do milho registraram forte interesse em Mato Grosso, onde quase 100 por cento do prêmio foi negociado nesta quinta-feira, mas tiveram poucos interessados em Goiás e Mato Grosso do Sul, justamente os dois Estados que passaram a ser contemplados nos programas governamentais de suporte aos preços a partir desta semana.
Com uma safra recorde no Brasil acima de 90 milhões de toneladas em 2016/17, segundo consultorias privadas, os programas governamentais apoiaram a comercialização desde o início de maio de mais de 4,5 milhões de toneladas de milho, a maior parte de Mato Grosso, o maior produtor de grãos do país.
Os programas de suporte aos preços, além de ajudarem os agricultores, também favorecem as exportações. A expectativa do mercado é de que grande parte do volume negociado nos leilões seja escoado para o exterior, com o país tentando enxugar a oferta em meio à colheita de uma safra abundante.
Nos leilões desta quinta-feira, a estatal Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comercializou apoio para cerca de 308 mil toneladas de milho, de uma oferta de 900 mil toneladas, com agricultores avaliando que os prêmios do leilão ficaram abaixo do necessário para fechar as contas que envolvem o preço mínimo garantido ao governo.
Houve interesse para prêmios para quase todo o volume de milho de Mato Grosso (297,9 mil toneladas), enquanto o restante da negociação (10 mil) ficou por conta de Mato Grosso do Sul. Produtores e comerciantes do cereal de Goiás tiveram zero interesse.
"Não se sabia se com esse prêmio se conseguiria chegar ao preço mínimo, então havia a preocupação por parte dos produtores de que não teria interesse", afirmou o analista Adriano Gomes, da consultoria AgRural.
Ele citou ainda que pode ter pesado no resultado dos leilões o fato de os produtores e comerciantes de Mato Grosso já estarem mais acostumados aos programas do governo. Nesta safra, os mato-grossenses participaram de mais de dez leilões, enquanto os goianos e sul-mato-grossenses tiveram nesta quinta-feira a primeira oportunidade nesta safra.
O maior interesse foi registrado para o leilão de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), no qual os participantes do leilão arremataram prêmio para apoiar a comercialização de 237,9 mil toneladas.
O Pepro é uma subvenção concedida ao produtor rural que se disponha a vender seu produto pela diferença entre preço mínimo e o valor do prêmio disputado em leilão, que fechou entre 2,958 reais e 2,268 reais por saca. O preço mínimo do milho em Mato Grosso está em 16,50 reais por saca.
No caso do PEP (Prêmio de Escoamento do Produto), recebido pelo comprador do cereal que se disponha a pagar o preço mínimo ao produtor e escoar o produto para fora da região produtora, houve negócios para 70 mil toneladas, enquanto o prêmio fechou entre 3,252 reais e 1,32 real por saca.
(Edição de José Roberto Gomes)