SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse que o governo deve divulgar ainda nesta terça-feira o tamanho do déficit primário de 2015, e reconheceu que há pagamentos atrasados a instituições financeiras que serão regularizados dentro do prazo a ser definido.
Bastante questionado por jornalistas sobre o tamanho do rombo, o ministro não abriu números, afirmando apenas que não se podia "ir atrás de soluções fáceis".
O relator do projeto de Lei que altera a meta de primário deste ano, deputado Hugo Leal (PROS-RJ), tem encontro nesta tarde com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
"Devemos estar mandando uma correspondência para o relator da LDO de 2015 ainda hoje. Com isso, deve-se dar uma indicação do que nós achamos que deve vir a ser a meta alcançável para este ano, diante da série de eventos que tem acontecido e impactado a nossa economia", afirmou o ministro, após participar de evento em São Paulo.
Diante da economia em recessão, com baixa confiança dos agentes econômicos, o governo não vai conseguir cumprir a meta de superávit primário --economia feita para pagamento de juros da dívida pública-- deste ano, e reconhecerá que vai ter de arcar com um rombo.
Segundo fontes do governo com conhecimento sobre o assunto, o déficit primário deve ficar em torno de 50 bilhões de reais, além de outros 35 bilhões a 40 bilhões de reais considerando o pagamento das chamadas pedaladas fiscais, que são os atrasos dos pagamentos do governo a bancos públicos que bancaram programas sociais.
O governo vinha penando para fechar um número diante de algumas incertezas, como o leilão de hidrelétricas, que estava marcado para acontecer no próximo dia 6 e poderia gerar 11 bilhões de reais aos cofres públicos neste ano. O leilão, segundo informou nesta manhã o Ministério de Minas e Energia, ocorrerá ainda em novembro, e o pagamento da maior parte do valor será feito neste ano.
O Executivo reduziu em julho a meta de superávit primário do setor público consolidado para este ano a 8,7 bilhões de reais, ou o equivalente a 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mas incluiu a possibilidade de abatimento de até 26,4 bilhões de reais no caso de frustrações de receitas.
Isso, na prática, já abria o caminho para um déficit de até 17,7 bilhões de reais, mas o Executivo ainda não recebeu o aval do Congresso Nacional.
(Reportagem de Flavia Bohone)