Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, assumiu nesta quarta-feira a relatoria de um dos cinco inquéritos a que o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) responde a partir das delações de executivos da Odebrecht.
O ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no STF, havia deixado a condução do caso. O inquérito refere-se ao episódio no qual Aécio é investigado por ter recebido caixa 2 da empreiteira quando ele concorreu à Presidência da República em 2014. Também respondem a esse inquérito, entre outros, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), acusado por delatores da Odebrecht de terem recebido recursos não contabilizados.
Em sua decisão, de terça-feira, Fachin havia reconhecido que o caso do financiamento de campanhas eleitorais pela empresa, ao menos por ora, em nada se relaciona com a operação Lava Jato.
"Em hipótese semelhante, o plenário desta Suprema Corte assentou que a colaboração premiada, por si só, não se constitui em critério de definição de competência", destacou.
O ministro do STF remeteu o inquérito para a presidente da corte, Cármen Lúcia, que redistribuiu para Lewandowski conduzir o inquérito.
No final de abril, reportagem da Reuters revelou que investigados na "lista da Odebrecht" iriam pedir a mudança do relator de parte dos 76 inquéritos no Supremo sob o argumento de que nem todos os casos referiam-se exclusivamente à operação Lava Jato, que tem como base a investigação de desvio de recursos e esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4). [nL1N1HW0K9]
Nesta quarta-feira, o advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, disse à Reuters que pediu à redistribuição dos outros inquéritos sobre o senador que envolvem a Odebrecht. "Vamos esperar uma decisão do Fachin", disse.
Aécio está afastado desde o dia 18 de maio das funções em outro inquérito referente às delações da JBS (SA:JBSS3). Nesse caso, na semana passada ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de obstrução de Justiça e corrupção passiva. Essa apuração, inicialmente nas mãos de Fachin, também foi redistribuída --está nas mãos do ministro Marco Aurélio Mello.