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Líder catalão deposto aceita eleição e fala em "longo caminho" para independência

Publicado 31.10.2017, 12:26
© Reuters. Líder destituído da Catalunha, Carles Puigdemont, durante coletiva de imprensa em Bruxelas, na Bélgica

Por Robert-Jan Bartunek e Raquel Castillo

BRUXELAS/MADRI (Reuters) - O líder catalão deposto, Carles Puigdemont, disse nesta terça-feira que aceita a eleição antecipada pelo governo central da Espanha depois que Madri assumiu o controle direto da região para impedir uma tentativa de independência.

Falando em uma coletiva de imprensa em Bruxelas, Puigdemont também disse que não busca asilo na Bélgica apesar de o procurador público da Espanha ter recomendado acusá-lo de rebelião e sedição. Ele voltará à Catalunha quando receber "garantias" do governo espanhol, afirmou.

O anúncio de Puigdemont de que aceitará a eleição regional de 21 de dezembro confirmou que Madri se impôs na luta prolongada pelo controle da Catalunha, ao menos por ora.

A resistência à imposição governamental de controle direto sobre a região não se materializou no início desta semana, e a liderança separatista enfrenta um momento de desorganização.

O Tribunal Constitucional espanhol barrou nesta terça-feira a declaração unilateral de independência feita pelo Parlamento catalão na sexta-feira, uma medida que não ganhou ímpeto e foi descartada menos de uma hora mais tarde.

"Peço ao povo catalão que se prepare para um longo caminho. A democracia será o fundamento de nossa vitória", afirmou Puigdemont.

Uma pesquisa regional oficial publicada na terça-feira mostrou que o apoio à criação de um Estado independente da Catalunha aumentou para o nível mais alto desde dezembro de 2014. Cerca de 48,7 por cento dos catalães acreditam que a região deve ser independente, de acordo com a sondagem do Centro de Estudos de Opinião, acima dos 41,1 por cento vistos em junho.

O governo espanhol tem dito que o líder catalão é bem-vindo para participar da eleição de dezembro, convocada pelo primeiro-ministro, Mariano Rajoy, como forma de resolver o impasse.

A crise política, a mais grave do país nas quatro décadas passadas desde o retorno da democracia no final dos anos 1970, foi desencadeada por um referendo de independência na Catalunha realizado em 1º de outubro.

© Reuters. Líder destituído da Catalunha, Carles Puigdemont, durante coletiva de imprensa em Bruxelas, na Bélgica

Embora ele tenha sido declarado ilegal pelos tribunais espanhóis e menos da metade dos eleitores catalães tenha ido às urnas, o governo regional pró-secessão disse que a votação lhe deu um mandato para decretar a independência.

Algumas nações europeias, como Reino Unido, Alemanha e França, apoiaram Rajoy e rejeitaram um Estado catalão independente, mas outras pediram diálogo entre os lados opostos.

(Reportagem adicional de Paul Day e Sonya Dowsett, em Madri, e Lucasta Bath e Clement Rossignol, na Bélgica)

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