BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou “preocupação com os desdobramentos” da crise política em encontro com o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Segundo Renan, que deve ainda se reunir com a presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira, Lula não especificou que desdobramentos seriam esses, mas se colocou à disposição para colaborar com “saídas”.
“Ele demonstrou muita preocupação com o que considerou desdobramentos desse processo político e dessa crise”, afirmou o senador.
“Reforcei para o presidente Lula o papel histórico do Senado Federal e o meu esforço pessoal para ampliarmos a previsibilidade política e constitucional”, disse Renan, que também preside o Senado.
Lula chegou a tomar posse como ministro-chefe da Cada Civil no mês passado, mas ela foi suspensa por meio de liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O senador confirmou ainda que deve se encontrar na quarta-feira com o vice-presidente Michel Temer, que já se movimenta com sondagens a possíveis nomes para um eventual ministério, no provável caso de substituir Dilma na Presidência da República.
No mesmo dia, Renan também deve conversar com o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PMDB-MG), principal partido de oposição ao governo petista.
“Eu vou continuar conversando com todos, conversar não arranca pedaço”, afirmou.
“Entendo que meu papel é exatamente esse, é conversar para tentar construir convergência com todos os atores dessa crise política pensando no Brasil, na necessidade de se ampliar a previsibilidade política constitucional.”
Dilma é acusada de ter cometido crime de responsabilidade com base em atrasos nos repasses de pagamentos a bancos públicos, manobras chamadas de “pedaladas fiscais”, e também em decretos de suplementação de crédito sem autorização do Congresso.
Para a defesa, as pedaladas não constituíram operação de crédito junto a instituições públicas, o que é vedado pela lei, e os decretos serviram apenas para remanejar recursos, sem implicar em alterações nos gastos totais.
De acordo com cronograma da comissão especial do impeachment no Senado, o plenário da Casa deve votar parecer sobre o tema no dia 11 de maio. Se a maioria simples dos senadores votar pela admissibilidade do processo, a presidente é afastada temporariamente por até 180 dias.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)