SÃO PAULO (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que os que são favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff querem voltar ao governo para controlar a polícia e afirmou que foram os governos do PT quem deram autonomia à Polícia Federal e ao Ministério Público.
Em discurso lido pelo ex-ministro Luiz Dulci, pois Lula estava afônico, o ex-presidente disse durante seminário da Aliança Progressista que o processo que busca o impedimento de Dilma é um "golpe" comandado por "políticos corruptos" e afirmou que a sociedade vai reagir ao que afirmou ser uma tentativa de rasgar a Constituição.
"Os golpistas querem voltar ao poder para controlar de novo a polícia, intimidar o Ministério Público e a Justiça, como fizeram no passado. Para restabelecer o reino da impunidade que sempre os preservou. Mas não é isso o que quer a sociedade brasileira", disse Lula.
"Foram os governos do PT que reconheceram, na prática, a autonomia do Ministério Público e fortaleceram a Polícia Federal, livrando estas instituições do mandonismo político."
Lula lembrou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) em ações ligadas à operação Lava Jato e que aceitou o pedido de impeachment contra Dilma após os deputados do PT anunciarem que votariam contra ele no Conselho de Ética da Casa.
O ex-presidente também disparou contra o vice-presidente Michel Temer, sem citá-lo diretamente, ao fazer uma defesa da Constituição de 1988.
"Esta Constituição abriu o caminho para as grandes conquistas da sociedade, especialmente nos últimos 13 anos de governo do PT. É esta Constituição que está sendo rasgada pelos golpistas de hoje, alguns dos quais ostentam hipocritamente o título de constitucionalistas", afirmou. Temer é advogado constitucionalista.
(Por Eduardo Simões)