Lula diz que pode discutir tarifas à Venezuela em possível encontro com Trump na Malásia

Publicado 24.10.2025, 08:07
© Reuters.

(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que a pauta de seu possível encontro na Malásia com o presidente Donald Trump poderá versar sobre qualquer assunto, incluindo as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e as tensões entre EUA e Venezuela.

Em entrevista coletiva em Jacarta, antes de embarcar para a Malásia onde participará no fim de semana da reunião de cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), Lula disse que o encontro com Trump, ainda a ser confirmado oficialmente, é muito esperado e que pretende aproveitar a reunião para mostrar ao presidente dos EUA que a imposição de tarifa de 50% a várias exportações brasileiras foi um equívoco.

"Não existe veto a nenhum assunto. Não tem assunto proibido para um país do tamanho do Brasil conversar com um país do tamanho dos Estados Unidos. Podemos discutir de Gaza à Ucrânia, de Rússia a Venezuela, materiais críticos, minerais, terras raras. Qualquer assunto", disse Lula aos jornalistas.

"Tenho todo o interesse e disposição de mostrar que houve equívoco nas taxações. Quero provar com números. A tese pela qual se taxou o Brasil não tem sustentação. Os Estados Unidos têm superávit de US$410 bilhões em 15 anos com o Brasil."

Lula disse ainda que pretende tratar com Trump das sanções impostas pelos EUA a autoridades brasileiras, como as punições financeiras colocadas sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relator do processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

"A tese de que não temos direitos humanos no Brasil não tem veracidade. Quem comete crime no Brasil é julgado e quem for considerado culpado é punido", disse Lula. "Também quero discutir a punição dada a ministros brasileiros da Suprema Corte."

Fontes com conhecimento do assunto têm dito que o encontro entre Lula e Trump pode acontecer no domingo (horário de Brasília) na Malásia, onde os dois presidentes participam da cúpula da Asean. No entanto, ainda não há confirmação oficial de que a reunião vá acontecer, e o encontro com Lula não foi citado no briefing da Casa Branca sobre a viagem de Trump à Ásia.

Trump impôs as tarifas comerciais ao Brasil e o governo dos EUA impôs sanções a autoridades brasileiras apontando como justificativa o julgamento de Bolsonaro, que o presidente dos EUA classificou como "caça às bruxas".

VENEZUELA

Os EUA têm atacado navios no Caribe perto da Venezuela alegando se tratar de narcoterroristas que transportam drogas para os Estados Unidos. Trump também autorizou a CIA, a agência de inteligência norte-americana, a conduzir operações secretas na Venezuela.

Na coletiva desta sexta, Lula defendeu o respeito às regras da política internacional e disse que pode tratar do tema com Trump.

"Você tem que prender as pessoas, julgar, saber se estavam ou não traficando, e aí punir de acordo com a lei. Você não pode simplesmente dizer que vai combater o narcotráfico na terra dos outros sem levar em conta a Constituição dos outros países, a autodeterminação dos povos ou a soberania territorial. Se o mundo ficar uma terra sem lei, fica difícil viver. Se o presidente Trump quiser discutir esse assunto comigo, terei imenso prazer."

 

(Por Eduardo Simões)

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