(Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu nesta sexta-feira em Curitiba, onde cumpre pena de prisão, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para reafirmar que deseja ter Haddad como seu porta-voz e substituindo-o em debates quando ele for impedido pela Justiça de participar.
Mesmo da prisão Lula tenta por ordem nas disputas internas do PT, uma vez que, apesar da indicação pública de Haddad para ser o vice na chapa presidencial, com a bênção do ex-presidente, Haddad ainda estava sendo questionado internamente e tinha seus movimentos limitados pela cúpula do partido.
Havia um temor, segundo uma fonte, de passar a impressão de que o partido havia desistido da candidatura Lula se o espaço de Haddad crescesse demais. Ao mesmo tempo, parte do PT ainda questionava a legitimidade de Haddad e gostaria ainda de vê-lo substituído.
“Lula é candidato e Haddad é candidato a vice. No dia 15 registraremos a chapa Lula-Haddad. Essa é a estratégia”, disse Gleisi a repórteres ao sair de reunião com o ex-presidente na Polícia Federal de Curitiba. “Durante a campanha Haddad será o porta-voz, a sua voz com a sociedade, vai viajar o Brasil, vai fazer o debate, vai participar de sabatinas. Vai ser a nossa voz. Vamos entrar na campanha para valer”.
Até agora, o PT ainda não conseguiu chegar em um acordo sobre como será a participação de Haddad na campanha. Parte do partido não queria, por exemplo, colocar Haddad no lugar de Lula nos debates. Segundo Gleisi, agora o PT vai usar de todos os meios jurídicos possíveis para assegurar Lula e, se não for possível, Haddad nos encontros de presidenciáveis.
Lula já havia mandado um recado na véspera, pelo presidente da CUT, Vagner Freitas. Depois de se encontrar com o ex-presidente, o sindicalista disse várias vezes que Lula teria sido claro ao apontar Haddad como seu porta-voz.
“Ele pediu para dar um recado: Haddad é o porta-voz dele, a voz dele, as pernas dele, fala em nome dele e vai representá-lo e viajar o Brasil em tarefa dada a ele pelo próprio presidente”, disse Vagner a jornalistas em Curitiba.
Nesta sexta-feira foi a vez dos dirigentes petistas ouvirem o mesmo diretamente. Inscritos como advogados do ex-presidente, Haddad, Gleisi e o diretor financeiro Emídio de Souza têm a prerrogativa de visitar Lula a qualquer momento durante a semana, sem precisar esperar pelos horários de visita.
Perguntado sobre quando começaria a viajar pelo país, como pediu Lula, Haddad afirmou que a coordenação de campanha do PT irá se reunir nos próximos dias e definir calendários e estratégias para sua participação.
Esta semana o ex-prefeito pediu licença do Insper, instituto de ensino superior onde dá aulas desde o início do ano.
Apesar de prometer registrar a chapa Lula-Haddad, o PT acertou uma aliança com o PCdoB pela qual a deputada estadual Manuela D'Ávila assumirá a vaga de candidata a vice na chapa presidencial quando a situação jurídica de Lula se resolver. Até lá, o candidato a vice será o ex-prefeito de São Paulo, que, por sua vez, pode ficar com a cabeça de chapa com a provável impugnação da candidatura de Lula com base na Lei da Ficha Limpa.
(Por Lisandra Paraguassu, em São Paulo)