(Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reconheceu nesta terça-feira, em entrevista à rádio CBN, que o governo está "muito longe" de obter os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, mas defendeu a permanência do ministro Antonio Imbassahy na Secretaria de Governo, responsável pela articulação política com os parlamentares.
Mais tarde, ao chegar ao Congresso, Maia explicou que avalia que ainda leva tempo para a Previdência ser votada por falta de votos.
"Nunca falei data para ninguém", disse o presidente da Câmara a jornalistas. "Eu acho que está longe... porque um mais um vai somando, não tem 308 (votos)."
Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a reforma da Previdência precisa do apoio de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação. Depois, também em dois turnos de votação, o apoio de 49 dos 81 senadores.
À CBN, Maia disse que é importante o governo concluir logo a reforma ministerial para poder avançar nas negociações relativas à reforma da Previdência, que ele afirmou não ser fácil, mas "fundamental e urgente" para o Brasil.
Maia defendeu que o presidente Michel Temer mantenha Imbassahy no cargo, apesar da insatisfação de parte da base aliada com o ministro tucano.
"Acho que na articulação política, o que a gente precisa é que o ministro esteja pronto para o diálogo conosco (Congresso). O Imbassahy hoje tem diálogo com parte da base, e não tem com outra. Nada que a gente também não consiga, conversando, chegar a um entendimento e compreensão. E talvez o melhor caminho seja a manutenção do ministro", disse Maia na entrevista.
"O presidente, pelo que eu vi, da última vez que falei com ele, ele não se decidiu. E acho que, da minha parte, você sabe que o deputado Antonio Imbassahy é um amigo que eu tenho, é uma pessoa que tem ajudado muito."
O Palácio do Planalto deve oficializar nesta terça-feira a escolha do deputado Alexandre Baldy (Podemos-GO), ligado a Maia, para assumir o Ministério das Cidades. [nL1N1NQ1DH]
REFORMA TRABALHISTA
O presidente da Câmara ainda defendeu que a medida provisória que faz ajustes à reforma trabalhista seja votada ainda neste ano, suavizando sua posição após ter dito em entrevista na semana passada à Reuters que ainda não tinha decidido se pautaria a MP, pois defendia que as mudanças fossem feitas por meio de projeto de lei.[nL1N1NN1IB]
"Eu acho que essa questão da reforma trabalhista, o ideal é que esse tema, que no meu ponto de vista deveria, continuo insistindo, ter sido encaminhado por projeto de lei, eu acho que o ideal, para o Brasil é que tudo fosse resolvido ainda esse ano", disse.
A MP foi prometida pelo governo ao Senado quando a reforma trabalhista era votada na Casa. Senadores, inclusive da base do governo, tinham a intenção de modificar o texto enviado pelos deputados, mas qualquer alteração forçaria o projeto a passar por uma nova votação na Câmara.
O governo, que tinha pressa para aprovar a medida, se comprometeu a enviar uma medida provisória contemplando as demandas dos senadores caso o texto da reforma trabalhista fosse votado sem alterações no Senado, como acabou acontecendo.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; reportagem adicional de Maria Carolina Marcello, em Brasília)