Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou nesta quinta-feira que a reforma da Previdência só será votada na Casa após o Carnaval, no dia 19 de fevereiro, e avaliou que a proposta terá entre 320 e 330 votos favoráveis quando for a plenário.
Segundo Maia, deve ser apresentado ainda nesta quinta-feira o teor da emenda aglutinativa com boa parte da nova versão da reforma, mais enxuta e palatável para facilitar sua aprovação.
“Nas últimas semanas, o governo está contabilizando votos, conversando com líderes, com os deputados, e eu de certa forma, também, e a decisão que eu resolvi tomar, ouvindo, claro, o governo, o presidente Michel Temer, é marcar o início da discussão da matéria para o dia 5 de fevereiro e a votação para a primeira segunda-feira depois do Carnaval”, disse o presidente da Câmara a jornalistas.
“O relator vai apresentar hoje ainda a parte mais importante das mudanças que ele entende necessárias, ainda vai ficar faltando a questão dos servidores anteriores a 2003, que nós vamos construir um texto”, disse Maia.
A ideia inicial do governo era iniciar a discussão da medida nesta quinta e votá-la na próxima terça-feira, desde que ela contasse com os votos necessários para ser aprovada --por se tratar de uma PEC, precisa do voto favoráveis de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação para ser aprovada na Câmara.
Mas um conflito de informações na véspera deixou o calendário do governo em suspenso. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou um acordo entre o Planalto, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CÊ) e Maia para deixar a votação da PEC para fevereiro.
Tanto Maia quanto lideranças governistas negaram o acordo e disseram que a data da votação ainda não estava decidida. Enquanto isso, o presidente Michel Temer passava por um pequeno procedimento cirúrgico, em São Paulo.
A expectativa era que o presidente retornasse a Brasília nesta quinta para discutir uma data de votação com Maia e Eunício. Temer deve, no entanto, permanecer no hospital até a sexta-feira, segundo Planalto.
TIMMING
Apesar de admitir que a proposta ainda não conta com os votos necessários à sua aprovação neste momento, o presidente da Câmara acredita que o adiamento da votação deve ajudar o trabalho de convencimento tanto de parlamentares quanto da sociedade. Maia avalia que até fevereiro o esforço de esclarecimento do governo possa ajudar a angariar mais apoio e engrossar a parcela de votos a favor.
“O tempo vai nos ajudar a esclarecer ainda mais a sociedade que existe um déficit, que existe uma injustiça na Previdência brasileira”, defendeu o deputado.
“A minha convicção é que quando essa votação começar no dia 19, nós teremos no plenário, falo como deputado, nós teremos próximos a 320, 330 votos para aprovar a reforma da Previdência”, disse, ao negar que posso alterar a data de votação.
Para o presidente da Câmara, o fato de a votação da proposta estar marcada para um ano eleitoral não será problema. Um dos principais argumentos de aliados para não se posicionarem a favor da reforma da Previdência é o temor de derrotas nas eleições caso apoiem a polêmica medida.
“Já não é mais uma questão se é melhor votar antes ou depois da eleição, o importante é que esse tema está inviabilizando o Brasil.”
“Dessa vez, em ano eleitoral dá para votar, porque a crise é tão grande”, avaliou.