Por Maria Carolina Marcello e Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou nesta sexta-feira a existência de uma conversa sobre mudanças na contabilização de votos em deliberações da Casa com Paulo Guedes, coordenador econômico da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República.
Procurado pela Reuters, Guedes admitiu que houve conversas nesse sentido, sem mencionar Maia como interlocutor, mas disse que elas ocorreram há mais de seis meses, "antes de o Bolsonaro me convencer que eu não entendo de política... quando foram interrompidas".
Reportagem do jornal O Globo relatou nesta sexta-feira que Guedes teria falado, na mesma reunião em que sugeriu a volta da CPMF, de um acordo com Maia para a adoção do que chamou de "voto programático de bancada", em que todos os votos da bancada seriam computados integralmente a favor de um projeto se mais da metade dos integrantes daquele partido votarem neste sentido.
"Não existiu", disse Maia à Reuters ao ser questionado sobre a suposta conversa.
"Tenho maior admiração pelo Paulo Guedes mas prefiro as ideias dele na área econômica, tirando criação da CPMF, claro", acrescentou Maia.
Guedes protagonizou nesta semana uma polêmica envolvendo suas propostas tributárias em uma conversa com investidores, dentre elas a unificação de alíquotas de Imposto de Renda e a recriação de um imposto nos moldes da CPMF no âmbito de uma reforma tributária.
O episódio levou Bolsonaro a se manifestar, de dentro do hospital em São Paulo onde segue internado após ser esfaqueado no último dia 6, contrário à reedição de tributos.
Sobre a matéria desta sexta de O Globo, Guedes chamou de "comida requentada".