Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - As manifestações do último domingo foram maiores do que o esperado e podem ajudar os parlamentares a "caírem em si" e trabalharem com o governo do presidente Jair Bolsonaro para aprovar projetos importantes para o país, disse à Reuters um importante auxiliar palaciano.
A avaliação no Planalto é que os atos foram "expressivos" e "significativos" em termos de mensagem.
"O número foi até acima do esperado, isso todo mundo achou. E foi expressivo porque mostrou que aquele pessoal que compareceu é o pessoal que está pensando no Brasil. É uma manifestação de gente com uma visão diferente, isso aí foi muito importante", disse a fonte.
As manifestações aconteceram em cerca de 156 cidades de todos os Estados e do Distrito Federal, enquanto os atos contrários ao governo e em defesa da educação, em 15 de maio, aconteceram em cerca de 222 municípios.
Os principais alvos das manifestações a favor do governo acabaram por ser os deputados --especialmente o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o chamado centrão. De acordo com a fonte, o resultado das ruas deve levar os parlamentares a trabalhar com o governo.
"Eles (os parlamentares) têm que parar para pensar. Podem estar incomodados, mas vão cair em si. Não estão pensando no Brasil, estão pensando na reeleição de Bolsonaro, que não pode passar não sei o quê porque Bolsonaro pode ser reeleito? Não é hora de pensar nisso, tem que pensar no Brasil. A gente está caminhando para um buraco", disse a fonte.
Mesmo que um grupo de parlamentares decida endurecer, o clima está mais propício para uma reacomodação da relação com o Executivo, avalia.
Nesta terça, Bolsonaro terá um café da manhã no Palácio da Alvorada com o presidente da Câmara, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Em suas falas depois das manifestações, Bolsonaro repetiu mais de uma vez que era preciso "ouvir a voz das ruas" e defendeu um "pacto pelo Brasil".
"Ele quer fazer isso. Acho que todos eles querem", disse a fonte.
Nesta segunda, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, repetiu a fala de Bolsonaro.
"Tem que aproveitar isso para tentar convencer os parlamentares que pelo amor de Deus parem de discutir e votem essa porcaria, aprovem a Previdência, depois vamos ver o que acontece. Se der errado, aí se execra o Bolsonaro, o governo dele, mas vamos tentar", afirmou a fonte.
Apesar do otimismo do Planalto, no Congresso o clima não é o mesmo. Parlamentares ouvidos pela Reuters não consideram que as manifestações tenham tido todo o peso colocado pelo governo e que não alteram o andamento do Congresso. Ao contrário, avaliam os líderes, a beligerância com a Casa são um erro do presidente.