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Com andamento de votação na Câmara, manifestações contra impeachment perdem força

Publicado 17.04.2016, 22:33
© Reuters. Manifestante contrário ao impeachment assiste votação da Câmara dos Deputados, em Brasília

Por Pedro Fonseca

BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Manifestantes contra e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff se reuniram neste domingo em diversas cidades do país para expressar suas posições e acompanhar a votação na Câmara dos Deputados do pedido de abertura de processo de impedimento.

Por volta das 22h, com a sessão já adiantada, faltando apenas 40 votos para a aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, os simpatizantes do governo mostravam visível abatimento e começavam a se desmobilizar, enquanto os manifestantes favoráveis ao impedimento comemoravam nos principais locais de protesto, como a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

O local, que fica em frente ao Congresso Nacional, foi dividido por um muro de mais de 1 quilômetro de extensão para separar os manifestantes de ambos os lados, em símbolo significativo para o clima de Fla-Flu político que tomou conta do país.

Em meio a forte esquema de segurança, o ato contra Dilma reuniu 53 mil pessoas na capital federal, segundo levantamento realizado pelo portal G1 citando a Polícia Militar, enquanto os favoráveis à presidente chegaram a 26 mil pessoas.

"O país hoje está ingovernável, não tem mais credibilidade, o governo não tem mais estrutura, não tem mais base", disse o contador Sinval das Neves, de 60 anos, que chegou cedo ao gramado vestido de verde-amarelo

A sessão final da Câmara para votação começou pontualmente às 14h00, mas os parlamentares só começaram a registrar seus votos por volta das 17h45.

Do outro lado, manifestantes a favor da presidente Dilma que estavam concentrados desde o início da manhã nos arredores do Estádio Nacional Mané Garrincha marcharam rumo à Esplanada, entoando o grito "Não vai ter golpe".

"Nós estamos defendendo um direito que é do cidadão brasileiro, o direito do filho do pescador, o direito do pai de família, o direito da dona de casa ver o seu filho com direito à educação através dos programas sociais que a presidente Dilma tem defendido pelo Brasil juntamente com o ex-presidente Lula", disse Marcos Antônio da Silva, de 28 anos, estudante de jornalismo nascido no Maranhão que agora mora em Goiânia, e pegou um ônibus à 1h da madrugada para chegar cedo à Brasília.

Defensores da presidente Dilma também fizeram protestos no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, no Farol da Barra, em Salvador, em Belo Horizonte, Porto Alegre, Porto Velho, Maceió e outras cidades, além da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, que neste domingo foi dividida entre manifestantes de ambos os lados.

Por determinação da polícia, os manifestantes contra o impeachment se reuniram em um dos extremos da praia carioca e tiveram de encerrar o protesto no início da tarde.

À noite, o grupo favorável ao governo se reuniu na Lapa, de onde acompanharam a votação através de um telão. Segundo os organizadores, cerca de 15 mil pessoas se reuniram no local.

O grupo pró-impeachment começou a se reunir no outro extremo da orla de Copacabana após o fim da manifestação em defesa da presidente. Policiais montaram um cordão de isolamento para delimitar as áreas.

Em São Paulo, o protesto a favor do impeachment começou no início da tarde na Avenida Paulista, um dos principais pontos de aglomeração de manifestantes contra o governo recentemente. Em 13 de março, a Paulista foi palco do maior protesto desde a campanha das Diretas Já, reunindo 1,4 milhão de pessoas, de acordo com a Polícia Militar.

Neste domingo, em todo o Brasil, as estimativas de público giram em torno de 100 mil manifestantes pró-impeachment e 50 mil contra, de acordo com levantamento do portal G1, citando a Polícia Militar.

© Reuters. Manifestante contrário ao impeachment assiste votação da Câmara dos Deputados, em Brasília

A votação do pedido de impeachment da presidente Dilma no plenário da Câmara dos Deputados neste domingo marca o ápice da mais grave crise política nas últimas décadas, que levou o país a um clima de divisão poucas vezes visto na sua história.

(Reportagem adicional de Sérgio Queiroz, em Brasília, Natalia Scalzaretto ; Edição de Bruno Federowski e Raquel Stenzel)

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