A alta do dólar e a queda da bolsa de valores nos últimos dias devem-se às turbulências na economia internacional, não ao mercado interno, disse hoje (10) o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, após a cerimônia de posse de seu sucessor, Eduardo Guardia.
“A economia está indo bem. É normal. As coisas nem sempre têm a ver com a situação interna, mas com o cenário externo. [Essa volatilidade] não tem nada a ver com a minha saída. No devido tempo, as coisas se acalmam”, disse Meirelles, em entrevista.
Depois de ter fechado o dia de ontem (9) em R$ 3,422, na maior cotação em 16 meses, o dólar comercial recuou um pouco nesta terça-feira e encerrou o dia vendido a R$ 3,411, em baixa de R$ 0,011 (-0,31%). O índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, recuperou-se de duas sessões de queda e encerrou o dia com alta de 1,44%, aos 84.510 pontos.
Além da turbulência política no Brasil, com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mercado financeiro está pressionado pela intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. Na semana passada, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou a sobretaxação de produtos chineses importados pelos Estados Unidos em até US$ 150 bilhões, e o governo chinês anunciou que deve retaliar as medidas.
Desafios
Sobre os desafios que o novo titular da Fazenda terá em manter a política econômica, Meirelles declarou que está confiante na capacidade de Guardia. “Nós trabalhamos juntos quase dois anos. Acredito que estamos bem sintonizados e que ele vai seguir a direção certa. No sentido de manter a agenda de reformas, de estabilidade, de seguir nessa linha de ação, que é o mais importante. Tenho certeza de que as coisas vão caminhar corretamente”, declarou.
O ex-ministro disse que já conversou com o substituto sobre o novo secretário-executivo da Fazenda, a ser anunciado nos próximos dias. O cargo, o segundo mais importante no ministério, era ocupado por Guardia até a última sexta-feira (6). Segundo Meirelles, o nome será anunciado no fim desta semana. Guardia não falou com os jornalistas depois de tomar posse.
Meirelles deixou o ministério para candidatar-se às eleições em 2018. Filiado ao MDB, partido do presidente Michel Temer, desde a semana passada, ele não especificou qual cargo pretende disputar nem se aceitaria concorrer como vice numa chapa com Temer. “O meu projeto é o projeto de candidatura. Vamos trabalhar nessa direção, firmemente. Ainda é um pouco cedo para discutirmos sobre chapa eleitoral”, comentou.