Mesmo tarifa mínima é ruim e Brasil terá nova reunião com EUA na próxima semana, diz Alckmin

Publicado 03.04.2025, 18:34
Atualizado 03.04.2025, 21:06
© Reuters. Vice-presidente Geraldo Alckmin n10/12/024nREUTERS/Adriano Machado

BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quinta-feira que a tarifa de importação imposta pelos Estados Unidos ao Brasil na véspera é ruim, apesar de ter ficado no nível mínimo de 10%, e que os dois países terão uma nova rodada de negociações na próxima semana.

"Mesmo o Brasil tendo ficado com a menor tarifa, para os outros países foi pior... para nós foi também ruim", disse em entrevista a um podcast do jornalista Magno Martins. "Então, já tem marcado para a próxima semana... negociações entre as equipes técnicas, para a gente trabalhar."

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na quarta-feira uma tarifa de 10% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA como parte de seu pacote de tarifas recíprocas impostas aos parceiros comerciais dos EUA.

O governo federal pontuou, em nota após o anúncio, que os EUA registraram superávit comercial em sua relação com o Brasil em 2024, de cerca de US$7 bilhões no caso de bens e de US$28,6 bilhões considerando-se bens e serviços.

Alckmin afirmou que, devido a esses dados, o Brasil não apresenta uma ameaça comercial para os EUA e, por isso, considera injusta a taxação, apontando também que a decisão cria imprevisibilidade e enfraquece o comércio mundial.

"O Brasil não é problema. Por isso, nós fomos incluídos na tarifa menor, mas não achamos justo isso e por isso vamos trabalhar para melhorar essa situação", disse.

O vice-presidente lembrou que o Congresso aprovou projeto, que seguiu para sanção presidencial, que estabelece critérios para a reação do Brasil a barreiras e imposições comerciais de nações ou blocos econômicos contra produtos nacionais. Mas ele destacou que o governo enxerga o diálogo como o melhor caminho de negociação no momento e, portanto, não pretende usar o instrumento.

MERCOSUL E ETANOL

Ao ser questionado sobre os possíveis efeitos das tarifas sobre o etanol, que subiram de 2,5% para 12,5% de acordo com o vice-presidente, Alckmin afirmou o Brasil é um dos maiores produtores do biocombustível no mundo e que é preciso olhar sua comercialização internacional juntamente com a de açúcar.

"Se a gente pegar o açúcar que nós exportamos para os Estados Unidos, tem uma cota muito pequena e acima desta cota não é 10%, é 90% a alíquota de importação. Por isso, a gente deve olhar o conjunto", disse.

Apesar do tarifaço de Trump, Alckmin disse ver chance de que o quadro ajude a acelerar o acordo Mercosul-União Europeia.

"Por outro lado, acho que vai acelerar o acordo Mercosul-União Europeia, que é o maior acordo do mundo hoje... é um ganha-ganha, assim que vejo o comércio exterior", disse.

O comentário de Alckmnin vai na mesma linha do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana.

"Já ouvimos e vimos manifestações de líderes europeus que dizem que vão acelerar o processo de validação do acordo Mercosul-União Europeia", disse Viana mais cedo, em entrevista coletiva.

Em dezembro de 2024, Mercosul e União Europeia fecharam o acordo de livre comércio negociado há 25 anos, mas há um longo processo para transformá-lo em realidade. O texto do acordo precisa ser legalizado, traduzido e depois aprovado pelos países-membros dos blocos, e pode até ser bloqueado, sendo a França o oponente mais feroz.

Nesta quinta-feira, porém, apesar das reservas anteriores, a França realizou uma reunião com dez países da UE para discutir o acordo comercial com o Mercosul, sinalizando que essa pode ser uma forma de o bloco europeu compensar o impacto das tarifas dos EUA sobre suas exportações.

(Por Victor Borges)

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