BRASÍLIA (Reuters) - O candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), general Hamilton Mourão (PRTB), fez uma declaração polêmica na véspera do primeiro turno das eleições, ao se despedir de jornalistas após entrevista no aeroporto de Brasília, neste sábado.
"Gente, deixo ir lá que meus filhos estão me esperando. Ó, meu neto é um cara bonito, viu ali. Branqueamento da raça", disse, em meio a risos.
Mourão afirmou que aposta numa vitória da chapa já no primeiro turno. Ele disse que há uma "onda verde-amarela", que se "agigantou" nos últimos dias. "A gente anda pela rua, a gente vê as pessoas falando. Eu vejo muito poucos dizendo que estão contra. Então estou com essa expectativa positiva", disse.
O candidato a vice destacou que não acredita que haja uma onda em favor do candidato do PDT, Ciro Gomes, que está em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Ele disse que Ciro está "parado no tempo, tem que atualizar o discurso dele".
Mourão afirmou ainda que prefere concorrer em um eventual segundo turno contra o candidato do PT, Fernando Haddad. "Lógico, sou do Exército. A infantaria, que é uma de nossas armas, diz o seguinte: 'O que vier, nós traça'", disse.
Pesquisas Datafolha e Ibope, divulgadas na noite deste sábado, indicaram um segundo turno entre ambos. O Datafolha trouxe o candidato do PSL com 40 por cento dos votos válidos, e o petista, com 25 por cento. E o Ibope mostrou Bolsonaro com 41 por cento dos votos válidos, e Haddad tem 25 por cento.
Segundo o candidato a vice, Bolsonaro vai ter que participar dos debates em um eventual segundo turno, se estiver "bem pessoalmente".
O presidenciável do PSL foi alvo de um ataque à faca no início de setembro e, após passar três semanas hospitalizado, se recupera em casa. Mourão disse que seu colega de chapa não está "bem ainda, não pode falar mais de 10, 15 minutos".
Questionado sobre o fato de Bolsonaro não ter participado de debates, mas ter dado entrevistas, o colega de chapa rebateu. "Sentado é diferente, outra coisa é numa tensão do debate, que você tem que reagir e às vezes a emoção pode aflorar e não é bom", disse.
Mourão evitou falar sobre polêmicas anteriores, quando foi questionado sobre crítica que ele já tinha feito sobre o pagamento do décimo terceiro salário. "Esse assunto já morreu, não falo sobre ele", limitou-se a dizer. "Não falo mais sobre esse assunto", completou, após ser pressionado por um repórter para falar se conversou com Bolsonaro.
O candidato a vice tentou explicar declaração de Bolsonaro no Twitter (NYSE:TWTR) sobre o fato de ele não negociar cargos. "É aquela história do balcão de negócios. É que tem muita gente desembarcando (de outras candidaturas) querendo já botar o pino nesse avião e entrar, né?", avaliou.
Segundo o candidato a vice, o discurso da candidatura é de união de todos os brasileiros, a despeito de divergências de pensamento. Ele classificou os debates do primeiro turno de "fraquíssimos", em que se buscou atacar pessoalmente candidatos em vez de debater propostas.
"Muita coisa (deixou de ser discutida). Deixou de se discutir quais serão as reformas, como é que elas serão feitas, muita gente fala de parceria público-privada. Como é que vai fazer para garantir isso? Alguém falou em política externa? Ninguém falou em política externa, tem que falar isso", disse.
O candidato a vice se mostrou contente com os apoios de frentes parlamentares do agronegócio, da segurança pública e dos evangélicos ao presidenciável do PSL, conforme antecipou reportagem da Reuters na terça-feira. Mourão disse que hoje Bolsonaro teria maioria no Congresso, mas é preciso esperar o resultado das urnas para saber se em 2019 essa situação se repete.
(Por Ricardo Brito)