(Reuters) - O Ministério do Meio Ambiente do Brasil criticou a anunciada fusão com a pasta da Agricultura, o que deve ocorrer no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), conforme nota divulgada nesta quarta-feira, acrescentando que fragilizar a autoridade representada pelo Meio Ambiente seria "temerário".
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro chefe da Casa Civil de Bolsonaro, confirmou na terça-feira a jornalistas que a "Agricultura e o Meio Ambiente andarão de mãos dadas". Unificar as duas pastas foi uma promessa de campanha do capitão reformado, que depois se disse aberto a sugestões de setores do agronegócio que defendiam a manutenção da separação das duas pastas.
Segundo o atual ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, que assina a nota, o novo ministério teria "dificuldades operacionais" que poderiam prejudicar as duas agendas e resultar em retaliação comercial por parte de países importadores de produtos agropecuários.
"Os dois órgãos são de imensa relevância nacional e internacional e têm agendas próprias, que se sobrepõem apenas em uma pequena fração de suas competências", afirmou a nota, citando que de 2.782 processos de licenciamento que estão tramitando no Ibama atualmente, apenas 29 estão ligados à agricultura.
Duarte defende também que a fusão poderia acarretar em perdas para o país no diálogo internacional, que muitas vezes ocorre no nível ministerial, além de ameaçar o protagonismo do Brasil em importantes fóruns mundiais em função da sobrecarga que o eventual ministro teria.
"Fragilizar a autoridade representada pelo Ministério do Meio Ambiente, no momento em que a preocupação com a crise climática se intensifica, seria temerário. O mundo, mais do que nunca, espera que o Brasil mantenha sua liderança ambiental", disse o ministro.
Entidades ligadas à questão ambiental e parlamentares de partidos da oposição se posicionaram contrários à fusão das pastas. O Greenpeace Brasil afirmou em nota nesta quarta-feira que a medida será um "grande equívoco e afetará o país tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental".
Também procurado para comentar o assunto, o Ministério da Agricultura não respondeu de imediato.
(Por Laís Martins)