Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, filiado ao PMDB e estreitamente ligado ao vice-presidente Michel Temer, protocolou pedido de demissão, mesmo sem ter conversado ainda com a presidente Dilma Rousseff sobre a saída, disseram duas fontes do partido à Reuters nesta sexta-feira.
Padilha estaria insatisfeito com o governo há algum tempo, e a gota d'água para o pedido seria uma nomeação para a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Depois de já ter sido encaminhado ao Senado, o nome indicado por Padilha teria sido retirado pelo Palácio do Planalto, segundo uma das fontes do PMDB.
O pedido de demissão também ocorre dois dias após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, correligionário de Padilha no PMDB, ter acatado pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma.
Segundo as fontes, Padilha ainda não conversou com a presidente sobre sua saída do governo, apesar de ter participado na tarde de quinta-feira de reunião de articulação política convocada por Dilma com 23 ministros para traçar a estratégia para combater a ameaça de impeachment.
Por meio de sua assessoria, o ministro afirmou que não falará sobre o assunto antes de conversar com a presidente.
Padilha possui relação bastante próxima com o vice-presidente da República, que tem se mantido em silêncio desde a deflagração do processo de impedimento de Dilma.
Quando Temer comandava a articulação política do governo, o ministro estava sempre diretamente envolvido nas negociações. Além disso, Padilha chegou a ser convidado a assumir a articulação antes de a presidente entregar a função a Temer.