Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro Herman Benjamin, relator do processo da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mandou um recado após a conclusão do seu extenso voto em que pede a cassação da dupla por abuso político e econômico no início da tarde desta sexta-feira, ao destacar que se recusa o papel de ser "coveiro de prova viva".
"Tal qual os seis ministros que estão aqui na bancada, eu recuso o papel de coveiro de prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão", disse o ministro.
O recado de Benjamin ocorre após a corte ter decidido na véspera excluir do processo quaisquer provas referentes à Odebrecht e aos depoimentos dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, o que tende a enfraquecer a acusação e até absolver o presidente Michel Temer da perda de mandato.
No seu voto de mérito, o ministro usou sete fatos para justificar seu voto a favor de cassar a coligação, três dos quais ligados ao esquema de financiamento ilícito da campanha de 2014 referentes à empreiteira e aos depoimentos do casal de marqueteiros.
O ministro disse ainda que a chapa cometeu abuso de poder político e econômico e poderá ser cassada pelo "conjunto da obra".
"Assim sendo, ainda que cada ilicitude tenha per si gravidade ilícita para configurar abuso de poder político e econômico, a verdade é que a sua consideração em conjunto torna incontestável a ocorrência de tais vícios", votou ele, na conclusão do voto.
(Reportagem de Ricardo Brito)