BRASÍLIA (Reuters) - O secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimento, Moreira Franco, afirmou nesta quarta-feira que o adiamento de leilões de áreas a serem concedidas se deve à instabilidade política do país, que traz insegurança legal, e apontou o que chamou de “longo processo de impeachment” como a causa da falta de interesse de investidores.
“Investimentos de retorno prolongado exigem contratos em ambiente de segurança jurídica. Por outro lado, o delicado momento político que vivemos traz em si insegurança institucional, por um processo de impeachment por um período muito longo e com dois presidentes. É uma situação no mínimo esquisita”, afirmou o secretário-executivo em cerimônia no Palácio do Planalto com lideranças empresariais, que contou também com a presença do presidente interino Michel Temer.
De acordo com Moreira Franco, os investidores têm receio de investir seu dinheiro em contratos com “pessoas que não sabem se poderão estar aqui amanhã”, uma vez que Temer ocupa a presidência de forma interina devido ao afastamento da presidente Dilma Rousseff em consequência de um processo de impeachment em tramitação no Congresso.
“Nosso maior problema é a confiança. Lamentavelmente, o Brasil conseguiu ser hoje vítima de uma crise de confiança brutal. Há desconfiança nas nossas regras, nos nossos procedimentos, nos nossos contratos”, afirmou.
De acordo com o secretário, leilões de áreas portuárias marcados para esta semana foram adiados por falta de investidores. Segundo o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, o leilão de arrendamento de área para fertilizantes do porto de Santarém, no Pará, foi suspenso para ajuste do edital, assim como ocorreu no adiamento de outros cinco terminais de granéis sólidos no mesmo Estado.
Moreira Franco ressaltou ainda que não é fácil separar a situação econômica da crise política, "porque existe insegurança institucional" no país. "Vamos ter que criar uma base de atitudes que demonstrem transparência e rigidez no trato da coisa pública”, afirmou, referindo-se ao pedido do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, para que política e economia fiquem separadas.
(Por Lisandra Paraguassu)