SÃO PAULO (Reuters) - A ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, morreu nesta sexta-feira aos 66 anos, informou o Hospital Sírio-Libanês, onde ela estava internada desde o dia 24 de janeiro depois de sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico por conta da ruptura de um aneurisma.
O perfil de Lula no Facebook informou que o velório será realizado no sábado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.
"O velório será neste sábado, das 9h às 15h, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dona Marisa Letícia se conheceram", afirma a publicação na rede social do ex-presidente.
O presidente Michel Temer decretou luto oficial de três dias, afirmando lamentar "profundamente" a morte da ex-primeira-dama.
Na quinta o hospital já havia informado que não havia fluxo sanguíneo no cérebro da ex-primeira-dama e a família tinha autorizado os procedimentos para a doação de órgãos de Marisa Letícia.
Segunda mulher do ex-presidente Lula --a primeira morreu, grávida de sete meses-- Marisa nasceu em São Bernardo do Campo. Neta de italianos, a “galega”, como o ex-presidente a chamava, também era viúva quando conheceu Lula, em 1973. Seu primeiro marido foi assassinado com poucos meses de casamento.
Lula e Marisa casaram-se no civil em maio de 1974, seis meses após se conhecerem, e tiveram três filhos. O filho do primeiro casamento de Marisa foi oficialmente adotado por Lula aos 10 anos.
Desde então, Marisa, que tinha também cidadania italiana, acompanhou o marido em toda a sua trajetória política, desde as greves no final da década de 1970, passando pela prisão de Lula, em 1980, e pela fundação do PT, além das campanhas eleitorais. Ela foi responsável por confeccionar a primeira bandeira do PT.
Muitas vezes comparada à primeira-dama anterior, a acadêmica Ruth Cardoso, Marisa foi criticada por uma postura menos atuante, ao não se envolver com nenhuma ação ou programa do governo durante a gestão de Lula.
Marisa Letícia era ré na Justiça Federal no Paraná em ações penais ligadas à operação Lava Jato. Em uma delas, o juiz Sérgio Moro aceitou, em setembro do ano passado, denúncia contra o ex-presidente e a ex-primeira-dama por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um tríplex no Guarujá que teria sido destinado a Lula.
Em dezembro, Moro aceitou mais uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra Lula e Marisa Letícia, em um caso que envolve um terreno que seria destinado ao Instituto Lula e um apartamento em São Bernardo do Campo.
A defesa do ex-presidente nega todas as acusações e afirma que Lula é alvo de perseguição política.
Lula recebeu na quinta-feira a visita de amigos e políticos que foram lhe manifestar as condolências. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, foi um dos que visitou Lula, assim como o presidente Michel Temer e o também ex-presidentes José Sarney.
Nesta sexta, a ex-presidente Dilma Rousseff, afilhada política e sucessora de Lula no Palácio do Planalto, também fez uma visita a Lula no hospital.
Marisa Letícia será cremada em cerimônia reservada aos familiares em um cemitério também em São Bernardo do Campo.
A morte de Marisa Letícia deve ter um impacto sobre o futuro político de Lula, cotado para voltar presidir o PT, e potencial candidato à Presidência da República nas eleições do ano que vem.
(Reportagem de Eduardo Simões)