BRASÍLIA (Reuters) - O presidente em exercício, Hamilton Mourão, disse nesta terça-feira que a Arábia Saudita poderia estar se "antecipando ao inimigo" ao comentar a decisão daquele país de desabilitar cinco unidades frigoríficas brasileiras de carne de frango que exportam o produto para lá.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a decisão da Arábia Saudita, maior importadora do produto brasileiro, se deu por razões técnicas.
Questionado se a decisão saudita seria uma retaliação a uma eventual mudança da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, Mourão respondeu em breve fala à imprensa: "a embaixada não está mudada ainda, né? Pessoal esta se antecipando ao inimigo."
O presidente em exercício foi perguntado sobre o fato de o próprio presidente Jair Bolsonaro --que participa do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça-- já ter dito que a mudança da embaixada brasileira em israel não é questão de se vai ocorrer, mas quando.
"Não sei, Vamos aguardar", limitou-se a dizer Mourão.
A ABPA, que representa os principais produtores de carnes de aves e suína do Brasil, afirmou ainda que 25 unidades continuam autorizadas a exportar aos sauditas, de um total de 58 habilitadas pelo Ministério da Agricultura brasileiro.
Do total de habilitadas, somente 30 embarcavam produtos efetivamente aos sauditas, disse a ABPA, ressaltando que o "impacto, portanto, é sobre cinco plantas frigoríficas".
O comunicado foi divulgado após a versão online do jornal Folha de S.Paulo revelar mais cedo que a Arábia Saudita havia desabilitado cinco frigoríficos exportadores.
"As empresas autorizadas constam em uma lista divulgada pelas autoridades sauditas. As razões informadas para a não autorização das demais plantas habilitadas decorrem de critérios técnicos", disse a ABPA em nota. [nL1N1ZM0X5]
"Planos de ação corretiva estão em implementação para a retomada das autorizações", acrescentou a ABPA, sem deixar claro no comunicado quais frigoríficos foram desabilitados.
Segundo nota do Ministério da Agricultura do Brasil, o grupo de unidades habilitadas atualmente pelos sauditas respondeu no ano passado por 63 por cento do volume das exportações brasileiras de carne de frango para a Arábia Saudita.
O ministério disse ainda que está examinando o relatório da Arábia Saudita, elaborado após missão no ano passado, e encaminhará aos estabelecimentos as recomendações apresentadas.
(Reportagem de Ricardo Brito)