Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Na véspera da convenção do PSDB que deverá selar a chegada de uma nova cúpula não totalmente alinhada com o Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, entregou ao presidente Michel Temer sua carta de demissão do cargo, o que foi aceito.
Segundo uma fonte palaciana, não há uma decisão sobre substituição ainda nesta sexta-feira do cargo. A maneira como se daria a saída de Imbassahy vinha sendo negociada há dias no Planalto como forma de garantir a manutenção do apoio do PSDB --a terceira maior bancada da Câmara-- à reforma da Previdência.
O PMDB da Câmara pressiona para emplacar um dos vice-líderes do partido, Carlos Marun (MS), no ministério, chegando, inclusive, a anunciar que Temer havia escolhido ele para o posto dias atrás. Lideranças do centrão também defendiam há meses a queda do tucano e boicotavam a atuação dele no Planalto.
Na carta, Imbassahy disse que fazer parte do governo foi uma "honra" e que pretende continuar a contribuir com o país de volta à Câmara dos Deputados. Após fazer um balanço da sua atuação, citando, por exemplo, a votação das reformas trabalhista e do ensino médio, ele defendeu que o momento é de centrar esforços na reforma da Previdência.
"Agora precisamos novamente do apoio do Congresso para avançar com a reforma da Previdência, garantindo sustentabilidade ao sistema em benefício das próximas gerações", disse Imbassahy.
O ex-ministro, que destacou que "novas circunstâncias" se impõem no horizonte, agradeceu ao PSDB ao afirmar que o partido entendeu que, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e por coerência com sua história, "não poderia se omitir nesse processo de recuperação do país".
"Decidiu apoiar o seu governo sem contrapartida alguma, além de um compromisso programático que Vossa Excelência vem rigorosamente cumprindo", afirmou o tucano, que encerrou a carta com um "fraternalmente amigo".
Numa carta em que aceita a exoneração, Temer disse ser grato a Imbassahy. "Pelo que fez pelo nosso governo e pelo país. Os momentos difíceis a que você alude na carta foram enfrentados todos por mim, mas com seu apoio permanente. A sua ponderação, o seu equilíbrio e a sua firmeza foram fundamentais para que não só atravessássemos momentos delicados, mas especialmente porque o Brasil não parou. Eu, o governo e o país devemos muito a você", disse.
O presidente destacou ter tido um "duplo" prazer em tê-lo como "companheiro de jornada". "Primeiro, pelas razões a que já aludi, mas em segundo lugar, e não menos importante, pela amizade fraternal que surgiu ao longo desse fértil período de convivência. Sei que, no Parlamento, continuará a defender os interesses do Brasil". Ele encerra a correspondência com um "fraterno abraço".