Por Daniel Flynn
SÃO PAULO (Reuters) - Os recursos para financiamento do Plano Safra 2017/18 vão ficar em torno de 185 bilhões de reais, praticamente estáveis ante a temporada de grãos e oleaginosas que está se encerrando, disse nesta quarta-feira o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, durante evento em São Paulo.
Maggi afirmou ainda que, no atual contexto econômico, a taxa de juro do plano deveria cair mais do que um ponto percentual, nível de redução que já foi definido em discussão com o Ministério da Fazenda.
Segundo o ministro, o Plano Safra da agricultura empresarial deve ser lançado oficialmente no próximo dia 7, quando mais detalhes do programa do governo federal para o período de julho a junho serão divulgados.
"Os volumes de recursos são de 184, 185 bilhões de reais... vamos dizer que vai ser o mesmo nível de recursos (da temporada atual)", afirmou a jornalistas estrangeiros.
Caso esses volumes de recursos se confirmem, o total disponível dentro de planos oficiais do Brasil deverá ser praticamente o mesmo que na safra passada, uma vez que o governo confirmou nesta quarta-feira que o Plano Safra da Agricultura Familiar terá 30 bilhões de reais para financiamentos, mesmo volume da temporada anterior, conforme antecipou na terça-feira a Reuters.
Na semana passada, o ministro disse que a discussão sobre o juro foi difícil dentro do governo.
"Nós, no Ministério da Agricultura, defendemos uma redução ainda maior, no mínimo dois pontos percentuais, porque a inflação no ano passado era de 11 por cento, os juros eram de 9,5, 10,5, então tinha um juro real de praticamente zero", argumentou Blairo.
Com a redução de taxa Selic agora, os juros reais estão em torno de 3,5 por cento ao ano, acrescentou.
"Se a inflação começa a descer muito e vai descer, os agricultores pagarão um preço muito alto para os juros ali aplicados."
Já no programa da agricultura familiar, em que as taxas são menores do que a empresarial, contando com um maior subsídio do Tesouro, o governo anunciou ainda a manutenção da taxa de juro de 2,5 por cento para produtores de arroz, feijão, mandioca, leite, entre outros produtos, com grande foco no mercado interno.
No plano empresarial atual, os juros variam, de uma maneira geral, de 9,5 a 12,75 por cento ao ano. Já os juros para agricultores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) são de 8,5 por cento.
PREÇOS MAIS BAIXOS
Segundo o ministro, ele próprio empresário do setor, os produtores deverão estar preparados para preços mais baixos de soja e milho, principalmente, devido a grande safras globalmente, incluindo o Brasil.
"Nós temos um mercado ofertado neste momento com os estoques grandes, a safra norte-americana foi muito boa, a safra brasileira e sul-americana foi muito boa, então temos estoques grandes. Se os estoques continuam elevados, vamos ter alguns anos de preços baixos", declarou.
O ministro lembrou, no entanto, que qualquer mudança climática que afete as safras pode impactar positivamente as cotações das commodities.
(Com reportagem adicional de Lisandra Paraguassu, em Brasília)