(Reuters) - O Ministério da Justiça afirmou nesta segunda-feira que o atual diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, tem a plena confiança do ministro Eugênio Aragão e "não há nenhuma decisão sobre a sua substituição".
Reportagem publicada no jornal Folha de S.Paulo nesta segunda afirma que o governo decidiu buscar um novo diretor-geral para a PF em até 30 dias após o episódio da gravação de conversas telefônicas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a reportagem, Daiello, que está no cargo desde 2011, perdeu de vez a confiança do Planalto depois das interceptações telefônicas, que foram feitas com autorização do juiz federal Sérgio Moro no âmbito das investigações da operação Lava Jato, que tem Lula como um dos alvos.
Em uma das conversas, Dilma afirma ao ex-presidente que estava enviando um emissário para lhe entregar o termo de posse de ministro para ser usado "em caso de necessidade". O diálogo levou à interpretação de que Dilma estaria entregando o documento a Lula para que ele se protegesse de uma eventual ação da Lava Jato, já que sua entrada no ministério lhe dá foro privilegiado junto ao STF.
Na quinta-feira, durante a cerimônia de posse de Lula, Dilma mostrou o que seria o termo enviado ao ex-presidente, sem a assinatura dela e que seria usado apenas caso Lula não pudesse comparecer ao Planalto na posse, segundo o governo.
O ministro Aragão, que foi nomeado na semana passada para o cargo, disse em entrevista publicada no sábado pela Folha que irá trocar equipes de investigação da Polícia Federal se "cheirar" vazamento de informações, mas negou que pretenda influenciar na operação Lava Jato.
Em resposta, o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Carlos Miguel Sobral, disse ao jornal que a fala revela que há uma intenção em acabar com a Lava Jato. A ADPF avalia ingressar com medidas judiciais para garantir a atuação dos delegados, segundo a Folha.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)