Por Gustavo Palencia
TEGUCIGALPA (Reuters) - A Organização dos Estados Americanos (OEA) disse na quarta-feira que pode pedir uma nova eleição em Honduras se quaisquer "irregularidades" minarem a credibilidade dos resultados da votação disputada do mês passado, que desencadeou uma crise na nação da América Central.
Em um comunicado, a OEA também pediu a restituição imediata de direitos constitucionais como a liberdade de movimento.
O governo hondurenho impôs um toque de recolher na semana passada, quando ocorreram protestos devido à contagem dos votos da eleição presidencial de 26 de novembro, ofuscada por alegações de fraude eleitoral.
O comunicado emitido pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que o resultado da votação ainda é incerto, e que medidas como uma recontagem parcial deveria ser adotadas para esclarecer seu desfecho e restaurar a credibilidade.
"Está claro que não é possível, sem um processo de verificação minucioso e meticuloso que determine a existência ou não de uma fraude eleitoral... restaurar a confiança da população", disse o texto.
Os resultados oficiais mostraram o presidente conservador hondurenho, Juan Orlando Hernández, com uma vantagem estreita de 1,6 ponto percentual diante do líder opositor de centro-esquerda Salvador Nasralla – mas o tribunal eleitoral ainda não declarou nenhum vencedor.
Na noite de quarta-feira Nasralla pediu um árbitro internacional para supervisionar a recontagem, dizendo que não reconhece mais o tribunal eleitoral de Honduras por causa de seu papel no processo.
"Se não tivéssemos tido participação internacional, realmente estaríamos na lei da selva", disse.
David Matamoros, presidente do tribunal eleitoral, disse aos repórteres que o partido de Nasralla, a Aliança de Oposição contra a Ditadura, ainda precisa entregar suas planilhas de contagem de votos e sua documentação para que o tribunal possa revisar os resultados eleitorais.
Depois o tribunal debaterá as recomendações da OEA e o que pode ser feito para implantá-las, acrescentou Matamoros.
Quando indagado sobre a possibilidade de uma nova eleição, Matamoros respondeu que, se as queixas sobre o processo forem confirmadas, "toda a questão da votação precisará ser revalidada".
Mas isso só seria possível se o tribunal estivesse em condição de rever todas as planilhas de votos, explicou.