(Reuters) - A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira o presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), empresa que administra o Porto de Santos, José Alex Oliva, como parte de operação que investiga esquema de corrupção e fraudes em contratos do terminal e da Secretaria de Portos do Ministério dos Transportes que somam 80 milhões de reais.
Apesar de também investigar irregularidades no Porto de Santos, a chamada operação Tritão não tem ligação, ao menos por enquanto, com as investigações do inquérito dos Portos que tem o presidente Michel Temer como um dos alvos, de acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
"Segundo a PF, por ora, não há conexão entre essa investigação e a Operação Skala, que tramita no STF sob a relatoria do ministro (Roberto) Barroso", disse o MPF em publicação no Twitter (NYSE:TWTR). A operação Skala, deflagrada em março, chegou a prender temporariamente dois amigos de Temer, o coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho e o advogado José Yunes.
A ação deflagrada nesta quarta-feira prendeu o presidente da Codesp na casa do empresário no Rio de Janeiro. No total foram expedidos sete mandados de prisão contra pessoas suspeitas de participação no esquema tanto pelo lado da Codesp como de empresas de tecnologia vencedoras de contratos fraudados, segundo as autoridades.
Além das prisões, foram expedidos 21 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará, além do Distrito Federal.
"A investigação apura a atuação de uma organização criminosa, que por meio de corrupção, formou cartel e fraudou licitações em contratos de Informática no Porto de Santos e na Secretaria de Portos do Ministério dos Transportes. Os contratos fraudados somam 80 milhões de reais", disse o MPF em comunicado.
Segundo o MPF, as fraudes ocorreram principalmente em serviços de digitalização de documentos e dragagem.
Em nota separada, a Polícia Federal disse que as investigações começaram em setembro de 2016 devido a um vídeo "no qual um assessor do presidente da Codesp confessava a prática de diversos delitos ocorridos no âmbito daquela empresa".
O procurador do MPF em São Paulo Thiago Lacerda disse, segundo publicações no Twitter do MPF, que a ação desarticulou "uma das maiores organizações criminosas já instaladas no Porto de Santos", e que as fraudes na Codesp "impactaram na rentabilidade do Porto de Santos".
Além do MPF e da PF, também participam das investigações a Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Receita Federal.
A Codesp não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a investigação, assim como o Ministério dos Transportes, Portes e Aviação Civil.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)