SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do PT, Rui Falcão, defendeu nesta segunda-feira que o país tem outros assuntos a tratar além da reforma da Previdência, que vem sendo defendida como uma das prioridades do governo pela presidente Dilma Rousseff e que sofre resistências de setores ligados às bases petistas, como os sindicatos.
Após reunião do Conselho Político do PT em um hotel na zona sul de São Paulo, Falcão afirmou que o partido "não interditará" o debate sobre as mudanças no sistema previdenciário, embora tenha afirmado que a posição da cúpula petista é de que existem outros assuntos a tratar, como a redução da taxa de juros.
"Não vamos interditar o debate", garantiu. "(Mas) sugerimos que há outras questões a tratar no país."
O dirigente petista evitou detalhar quais as propostas para a retomada do crescimento econômico foram discutidas no encontro do Conselho Político da legenda, argumentando que ele é um órgão consultivo e não deliberativo.
"Nós vamos colocar no papel sugestões sobre mudanças na política econômica. Desde junho nós estamos sugerindo mudanças na política econômica", lembrou ele, dizendo ainda que o local adequado para se discutir mudanças na Previdência é o foro criado pelo próprio governo Dilma para tratar do tema.
Após a reunião, que contou com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem sido alvo de suspeitas de ser o proprietário oculto de um sítio em Atibaia (SP) e de um apartamento tríplex no Guarujá (SP), Falcão saiu em defesa do ex-presidente.
Embora tenha insistido mais de uma vez que o conselho não foi convocado para traçar uma linha de defesa para Lula, que prestará depoimento ao Ministério Público paulista nesta semana, Falcão disse que, no caso do ex-presidente, o ônus da prova está sendo invertido e isso coloca em risco, na avaliação dele, o Estado democrático de direito.
"O presidente Lula tem que provar que não é dele, isso é uma inversão de valores, propagada por vocês (da imprensa)", criticou. "São denúncias infundadas, haja vista que o sítio tem escritura, tem proprietário e o proprietário faculta a quem ele concede visita", argumentou.
(Reportagem de Eduardo Simões; Edição de Alexandre Caverni)