Por Bozorgmehr Sharafedin
LONDRES (Reuters) - O Parlamento iraniano rejeitou nesta terça-feira as explicações do presidente Hassan Rouhani para as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país depois de uma tensa sabatina transmitida ao vivo pela televisão, em um sinal de que sua facção pragmática está perdendo força diante de novos adversários linha-dura.
A votação no Parlamento ocorreu dois dias depois de os parlamentares terem demitido o ministro da Economia e das Finanças, e semanas depois de terem demitido o ministro do Trabalho, culpando-os pelo colapso da moeda iraniana, o rial, e pela inflação crescente.
Defendendo a atuação de seu gabinete, Rouhani disse que os problemas econômicos só começaram quando os Estados Unidos reativaram sanções contra Teerã, mas muitos parlamentares não ficaram satisfeitos com a explicação.
Os parlamentares têm poder para pedir o impeachment do presidente e votar sobre sua falta de competência, mas tal moção não está no Parlamento a esta altura.
Rouhani, um pragmático que reduziu a tensão com o Ocidente firmando um acordo nuclear com potências mundiais em 2015, agora enfrenta a reação da linha-dura iraniana desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do pacto em maio.
Rouhani disse que os protestos antigoverno do início de janeiro estimularam Trump a romper com o acordo nuclear na esperança de que as dificuldades econômicas provocassem mais tumultos no Irã.
As manifestações, que começaram por causa destas dificuldades e dos preços altos e incluíram brados contra o governo e o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, se disseminou por mais de 80 cidades grandes e pequenas e resultou em 25 mortes.
"Os protestos tentaram Trump a se retirar do acordo nuclear", disse ele, pedindo aos parlamentares para apoiarem seu gabinete e não agravarem o sentimento antigoverno.
Embora os problemas econômicos sejam graves, Rouhani disse: "Mais importante do que isso é que muitas pessoas perderam sua fé no futuro da República Islâmica e estão duvidando de seu poder".